A MÍDIA E A EROTIZAÇÃO INFANTIL
Não há dúvidas que a mídia tem sido uma padronizadora de atitudes e opiniões na sociedade pós-moderna.
O que antes se comprava por necessidade,hoje se busca pelo desejo,até porque as necessidades são variadas e hoje,o desejo é uma necessidade.
Nesta sociedade de consumo,onde tudo é prático,lindo aos olhos,novo e surpreendente,a mídia dita as regras e modela personalidades.
Neste mercado social,a criança tem sido uma forte protagonista.
Não apenas,tratando aqui da quantidade assustadora de produtos,personagens e padrões ofertados ao público infantil nos meios de comunicação,mas algo mais profundo e conflitante:A criança e seu corpo expostos nas fontes midiáticas como um produto a ser comercializado,o gigante e assustador mercado da infância.
A imagem de crianças com seus corpos e sua inocência expostos,de maneira sensual,precoce e,muito infelizmente erotizada,tem invadido a mídia atual de tal forma,que muitas vezes,de tão engessados por este sistema de produção infantil,não nos damos conta e não enxergamos com "maldade".
A criança que por muito tempo foi vista como um pequeno adulto,sem um lugar social específico,tabula rasa,comparada a anjos e símbolo máximo da inocência, é agora"amadurecida em estufa" e adultizada com a maior naturalidade e de forma extrema pela mídia,redirecionando a posição infantil em nossa sociedade e dando a ela um outro papel.
Maquiadas,com roupas sensuais,unhas e cabelos pintados,envoltas em linguagens,músicas e personagens adultizados são obrigadas a crescer,e o pior,estar dentro da "moda".É a pedofilização da sociedade de consumo.
Cabe a família,aos pais e educadores o olhar atento,o cuidado e o respeito a infância.Saber interpretar e neutralizar as influências midiáticas excessivas no processo de conhecimento e desenvolvimento infantil é o desafio da atualidade.Devemos zelar pelos direitos da criança,isso é educar e é dever de todos.
E VOLTANDO UM POUQUINHO NO TEMPO...
Na imagem acima, que é uma propaganda já não tão
atual e clássica de uma marca de bronzeadores e protetores solares,à princípio muito inocente,revela
sim,sinais de uma erotização precoce e um apelo focado no corpo da criança.
Primeiro, porque, creio eu,que não exista a
necessidade de uma criança utilizar bronzeadores.A criança representada é uma
menina,em uma praia,trazendo,a ideia da mostra do corpo feminino,exposto,o que
é um paradigma machista de nossa sociedade atual,presente em diversos outros
veículos da mídia. A parte exposta, as nádegas da criança, que provavelmente
aqui,seja uma tentativa de remeter a inocência infantil, como um bumbum de bêbê,
por exemplo, ganha um ar adultizado pela “marquinha” do bronzeado,algo
extremamente vinculado ao universo adulto.
A menina da imagem, não se assusta com a atitude do
cão, aqui representado como uma figura sem discernimento, como se a cena fosse
um “acidente”.Ela não tem uma expressão de vergonha e sim de
desdém,natural,demonstrando uma naturalização do nu em um ambiente público,
fora de contexto na faixa etária,o que se fortalesce ,com a sutileza da
mãozinha no rosto,demonstrando sutil surpresa na atitude do cachorro.
OU SERÁ QUE ESTOU VENDO COM MAUS OLHOS??
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