O Perigo de uma Única História...
"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar."
Nelson Mandela
Digo isto,pois fiquei impactada e fortemente convidada a repensar algumas ideias,após assistir um vídeo proposto pelo curso de pedagogia PEAD/UFRGS,na interdisciplina de LIBRAS.O vídeo intitulado "O Perigo de Uma Única História",traz a realidade de uma escritora,de origem africana,falando de sua trajetória marcada pelo preconceito e julgamento social muito forte com respeito a sua cor,nacionalidade e etc...O verdadeiro "pré´-conceito".
Realmente,temos o cruel defeito de ter uma ideia formada,uma opinião única sobre as coisas e jamais mudarmos essa ideia ou revê-la.
No caso desta interdisciplina,LIBRAS,me ví protagonista desta situação.Sempre achei que ser surdo era uma deficiência trágica,que se deveria fornecer ao surdo os implantes e cirurgias,colocar as crianças surdas em escolas tradicionais para aprender a falar e sabia,também,da existência de uma "linguagem" feita por gestos.Para mim,esta era a única história,era tudo o que eu sabia sobre a surdez.Após estes estudos, compreendí o termo surdo de maneira desvinculada de deficiência,conhecí a importância da Língua Brasileira de Sinais, do ensino bilíngue e da existência de uma literatura e cultura surda,assim como a luta da comunidade surda por seus direitos e dignidade.
Não podemos nos contentar com ideias prontas,não pensadas,no senso comum.Temos que conhecer todas as possibilidades de uma situação,refletir,repensar e reelaborar conceitos e pensamentos.
Quando temos alunos difíceis,por exemplo,geralmente o rotulamos e passamos a sustentar uma única história sobre eles,engessando sua identidade.Assim fazemos com aqueles estudantes que tem dificuldades de aprendizagem,que mesmo que aprendam levam a fama de incapazes.Sem falar na antiga ideia de que devemos oferecer as bonecas e panelinhas para as meninas e os carrinhos e jogos de construção aos meninos...a única história denovo!
Nós,enquanto educadores,levamos uma carga muito pesada destes paradigmas.Não podemos ignorar nada,temos que responder a todas as perguntas e ter uma postura impecável...Como professora,devo saber tudo e ter filhos extremamente educados
Assim,os pensamentos são formados em larga escala,de forma igual.
Música clássica deve ser ouvida por pessoas da alta sociedade,samba por negros e funk é coisa de favela...apenas uma única história,passada adiante sem qualquer pensamento.
Eu,pessoalmente,percebo isto,como cristã,sou vista como a fanática ou santinha que não pode fazer nada de errado...e por aí vai.
Realmente,é muito perigoso sabermos uma só informação sobre determinado assunto e pensar de maneira a considerar o livro apenas pela capa,ou ter a mesma opinião que todas as pessoas tem sobre tudo,viver a base do "politicamente correto" e virar as costas para as reflexões nos faz cegos e imóveis em nossas convicções e atitudes.
Tem uma frase que ouví há algum tempo e que me marcou muito,dizia que nascemos com uma só boca e dois ouvidos,para falar menos e ouvir mais,e que ainda,o ouvido tem o formato de um ponto de interrogação(?),para questionarmos aquilo que ouvimos...
Conheçamos,repensamos e reflitamos sobre tudo o que está a nossa volta,sendo educadores motivadores e mortificadores das cruéis histórias únicas.