sábado, 14 de abril de 2018

LINGUAGEM E EDUCAÇÃO


                       A AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM

 

"É NO SIGNIFICADO DA PALAVRA QUE O PENSAMENTO E A FALA SE UNEM EM PENSAMENTO VERBAL.É NO SIGNIFICADO,ENTÃO,QUE PODEMOS ENCONTRAR AS RESPOSTAS ÁS NOSSAS QUESTÕES SOBRE A RELAÇÃO ENTRE O PENSAMENTO E A FALA" (VYGOTSKY,2005)



A LINGUAGEM E O TEMPO:


SÉCULO VII a.c :
O rei Pásmético do Egito ordenou que crianças fossem confinadas desde o nascimento até os dois anos,sem convívio com seres humanos,a fim de observar as manifestações linguísticas produzidas em contexto de privação interativa.Conclui-se que a língua frigia é a mais antiga,ainda mais antiga do que a língua egipcia,pois acreditavam que a manifestações emitidas pelas crianças foram próximas a esta língua.Apenas mais recentemente foram feitos estudos sistemáticos sobre a aquisição da linguagem pela criança.

SÉCULO XIX:
Experimentos diários da fala espontânea de filhos de linguístas e estudiosos.

SÉCULO XX:
Visão behaviorista.Assumindo que a linguagem se dá pela exposição ao meio e em decorrência da imitação e do reforço.Aprende por condicionamento,como qualquer outro animal.

FINAL DA DÉCADA DE 50:
Noam Chomski assume que a linguagem é inata.Por volta de 1970,as obras póstumas e estudos  de Vygostky começam a exercer influência sobre os estudos da aquisição da língua materna.Representou uma alternativa ao construtivismo piagetiano,questionando o inatismo Chomskiano. Explica o desenvolvimento da linguagem e do pensamento como tendo origens sociais externas (SCARPA,2001).


"A universalidade da língua e sua aquisição é a primeira razão para suspeitar que a linguagem não é apenas uma invenção cultural,mas produto de um instinto humano específico"(PINKER,2002)


CONCEPÇÕES SOBRE A AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM NA CRIANÇA:

BEHAVIORISMO DE SKINNER:

O aprendizado se dá através de um processo denominado condicionamento operante. Comportamento verbal=sucessão de mecanismos estímulo-resposta-reforço.
Um ponto principal desta concepção é que a criança aprende por imitação,é um receptor passivo da linguagem,desprezando seu papel no processo de aprendizagem. A linguagem é essencialmente uma questão de aprendizagem,no sentido de aquisição pela mente,através de um sistema exterior. A criança não aprende uma língua,ela a desenvolve, e todo o ser humano normal é capaz de desenvolver qualquer língua materna.


INATISMO DE CHOMSKY:

Noam Chomsky é o criador do gerativismo,teoria de qua a linguagem é inata.Alinguagem é vista como uma dotação genética do ser humano. A criança nasce pré-programada para adquirir a linguagem e é capaz,a partir da exposição a fala,construir hipóteses sobre a língua que está inserida. Assim,a linguagem é atrtelada a características inerentes a espécie humana,o que reafirma seu caráter universal,fator biológico e cognitivo.

INTERACIONISMO DE VYGOTSKY:

A abordagem de Vygotsky sempre foi orientada para os processos de desenvolvimento humano com base na dimensão sócio-histórica e na interação do sujeito com o outro no espaço social. Linguagem é um processo pessoal ao mesmo tempo em que é um processo social. A aquisição da linguagem na criança se dá devido a interação que a mesma possui com o ambiente que a rodeia e o convívio com outros da mesma espécie. A linguagem tem um papel essencial na formação do pensamento e do carater do indivíduo.Segundo ele, o pensamento e linguagem tem origens distintas. No início da vida,o pensamento não é verbal,e a fala não é intelectual. Há no desenvolvimento da criança,um periodo pré-linguistico do pensamento e um período pré-intelectual da fala. Ressalta que o momento mais importante da vida da criança acontece quando as curvas do pensamento e da fala se convergem,surgindo o pensamento verbal e a fala racional. A criança é o sujeito de seu processo de aquisição da linguagem,construindo seu conhecimento de mundo com a ajuda do outro.


 
"Pode-se considerar a linguagem como um instrumento complexo que viabiliza a comunicação e a vida em sociedade.Sem ela,o ser humano não é social nem natural" Vygotsky



quarta-feira, 4 de abril de 2018

                                Memórias da Tecnologia

 





Significado de Tecnologia

substantivo femininoCiência que estuda os métodos e a evolução num âmbito industrial: tecnologia da internet.Procedimento ou grupo de métodos que se organiza num domínio específico: tecnologia médica.Teoria ou análise organizada das técnicas, procedimentos, métodos, regras, âmbitos ou campos da ação humana.Etimologia (origem da palavra tecnologia). Do francês technologie; do grego technología.FONTE:https://www.dicio.com.br/tecnologia/ 
Neste eixo sete do Curso de graduação em Pedagogia PEAD/UFRGS estamos tendo a oportunidade rica de nos aprofundarmos de forma explícita em conhecimentos que já estão implicitamente presentes,de forma muito marcante,desde o início do curso.A interdisciplina Educação e Tecnologias da Comunicação e da Informação iniciou uma provocação muito interessante ao propor que relembrássemos nossas memórias tecnológicas,e assim,refletirmos que tecnologia não é apenas o que estamos vendo de mais moderno em termos de telefonia,aplicativos ou computadores,mas sim,instrumentos e métodos,tanto na Escola como em situações do cotidiano,afim de comunicação ou informação.A busca na memória escolar de cada um já gerou uma cômica nostalgia e após ao trazermos essa conversa ao grupo se percebe que,o processo tecnológico de cada pessoa traduz uma época,uma geração e traz á tona a formação de seus conhecimentos. MINHAS LEMBRANÇAS...-ÁBACO              -TV COM FITA CASSETE             -PESQUISA EM BIBLIOTECA-CARTILHA                  -MIMEÓGRAFO             -TRABALHO NA CASA DO COLEGA-AVENTAL             -LANCHEIRA COM TÉRMICA                          -PAPÉIS DE CARTA Depois foram chegando....-XEROX         -RETROPROJETOR       -IMPRESSORA    -COMPUTADOR EM CASA-INICIO DA INTERNET  -WINDOWS 98   -SEDEX  -CELULAR "TIJOLÃO"E agora...-GOOGLE       -REDES SOCIAIS  -AMBIENTES VIRTUAIS   -APLICATIVOS DE CONVERSA-PEN DRIVE    MODLLE    -POWER POINT   -SMARTFONE    -DRONES
 Memórias da Tecnologia na Escola:
As memórias sobre os instrumentos tecnológicos no processo de escolarização das componentes deste grupo são muito parecidas e trazem importantes ícones que marcaram gerações.É o caso da cartilha no processo de alfabetização,dos livros didáticos,folhas mimeografadas,ábacos,saídas de pesquisa a biblioteca,que aos poucos foram sendo trocadas pelas folhas xerocadas,os primeiros contatos com o computador,o datashow e agora,mais recentemente a explosão da tecnologia móvel,das redes sociais,dos aplicativos de comunicação e da instantânea pesquisa Google.
A Intencionalidade Pedagógica destes Instrumentos:
Todos estes instrumentos também trouxeram a representação do também avanço na intencionalidade de seu contexto de uso,pois muitos destes,como a cartilha,por exemplo trazem consigo um modelo pedagógico de alfabetização,baseado na repetição por exemplo.As pesquisas feitas na biblioteca,os trabalhos em grupo e os acessórios de exposição utilizados pelo professor(xerox,datashow,ábaco) também revelam este modelo,que aos poucos foi substituído pela autonomia,acesso a informação e trocas de informações proporcionadas pelo avanço da tecnologia,como nos dias de hoje.
Contexto tecnológico atual e Desafios a serem superados:
Atualmente a tecnologia permite o acesso muito mais rápido e muito mais abrangente a informação,a comunicação é feita de forma muito fácil através dos aplicativos e redes sociais e,principalmente,existe uma infinidade de recursos pedagógicos que permitem ao professor um alcance muito maior em termos de aprendizagem.Mas ainda,a tecnologia não é acessível a todos os estudantes,que tem um acesso muito limitado a estes  recursos.As escolas nem sempre conseguem ter disponível os instrumentos necessários,utilizando ainda os instrumentos básicos,aqueles utilizados no passado.Outro agravante é a existência do desconhecimento digital dos estudantes,que não sabem utilizar os meios digitais ou utilizam de forma errada,tendo a tecnologia como um meio de entretenimento e não como forma de busca de conhecimento. 


                                            O MENININHO

                     


Era uma vez um menininho bastante pequeno que contrastava com a escola bastante grande.
Quando o menininho descobriu que podia ir à sala caminhando pela porta da rua, ficou feliz. A escola não parecia tão grande quanto antes.
Uma manhã a professora disse:
- Hoje nós iremos fazer um desenho.
“Que bom!”, pensou o menininho. Ele gostava de desenhar. Leões, tigres, galinhas, vacas, trens e barcos... pegou sua caixa de lápis de cor e começou a desenhar.
- Esperem, ainda não é hora de começar!
Ela esperou até que todos estivessem prontos.
- Agora, nós iremos desenhar flores.
E o menininho começou a desenhar bonitas flores com seus lápis rosa, laranja e azul.
- Esperem, vou mostrar como fazer.
E a flor era vermelha com o caule verde.
- Assim, disse a professora, agora vocês podem começar.
O menininho olhou para a flor da professora, então olhou para a sua flor. Gostou mais da sua flor, mas não podia dizer isto... virou o papel e desenhou uma flor igual a da professora. Era vermelha com o caule verde.
No outro dia, quando o menininho estava ao ar livre, a professora disse:
- Hoje nós iremos fazer alguma coisa com o barro.
“Que bom!” pensou o menininho. Ele gostava de trabalhar com o barro. Podia fazer com ele todos os tipos de coisas: elefantes, camundongos, carros e caminhões. Começou a juntar e amassar sua bola de barro.
- Esperem, não é hora de começar!
Ela esperou até que todos estivessem prontos.
- Agora nós iremos fazer um prato.
“Que bom!”, pensou o menininho. Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos.
- Esperem, vou mostrar como se faz. Assim... Agora vocês podem começar.
E o prato era fundo. Um lindo e perfeito prato fundo.
O menininho olhou para o prato da professora, olhou para o próprio prato e gostava mais do seu, mas ele não podia dizer isso... amassou seu barro numa grande bola novamente e fez um prato fundo, igual ao da professora.
E muito cedo o menininho aprendeu a esperar e a olhar e a fazer as coisas exatamente como a professora. E muito cedo ele não fazia mais as coisas por si próprio.
Então, aconteceu que o menininho teve que mudar de escola... 
Esta escola era ainda maior que a primeira.Ele tinha que subir grandes escadas até a sua sala...
Um dia a professora disse:
- Hoje nós vamos fazer um desenho.
“Que bom!”, pensou o menininho. E esperou que a professora dissesse o que fazer. Ela não disse. Apenas andava pela sala. Quando veio até o menininho falou:
- Você não quer desenhar?
- Sim. O que é que nós vamos fazer?
- Eu não sei, até que você o faça.
-Como eu posso fazer?
- Da maneira que você gostar.
- E de que cor?
- Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas cores, como eu posso saber qual o desenho de cada um?
- Eu não sei!
E começou a desenhar uma flor vermelha com um caule verde...
Helen Buckley


“Para apresentar uma noção adequada de aprendizagem é necessário explicar primeiro como o sujeito consegue construir e inventar,e não apenas como ele repete e copia” (PIAGET,1975,p.88).

O texto O Menininho realmente nos faz refletir sobre o quanto interferimos na criatividade de nossos alunos e o perigo que um professor representa quando não é um bom professor, isto é, quando deixa de mediar e motivar aprendizagens e passa a “formatar” alunos. Geram-se crianças que buscam copiar tudo e aprendem que o que os outros produzem é sempre melhor do que o seu produto.
Se eu fosse a professora desta criança, que infelizmente enfrentou esta frustrante situação de desencorajamento de sua autonomia, meu principal desafio seria o resgate da autoestima desta criança e da sua formação autônoma, ou seja, que ela voltasse a recriar as coisas da sua maneira, acreditando na sua capacidade de criação e produção de ideias e valores e principalmente, resgatar sua individualidade, valorizando suas características, suas preferências, ideias e peculiaridades, e que a diferença é um fator existente entre todas as pessoas, isto as torna especiais.
Acredito que um planejamento pensado para favorecer esta criança deveria conter sempre a motivação como fio condutor, realçando tudo o que esta criança produz de positivo, não só em desenhos ou atividades, mas no sentido de integração, amizades e habilidades que esta venha a apresentar, valorizando todo o seu conhecimento anterior sobre tudo. Ainda é preciso levar esta criança a construir seus saberes, através da pesquisa, das atividades em grupo, da observação direta e rica dos objetos de aprendizagem e da exploração das diversas formas em que os conhecimentos se apresentam. Valorizar as diferentes formas de pensar e de construir os conhecimentos permite ampliar a criatividade e compartilhar diferentes saberes, o que gera a confiança e capacidade criadora.
Como professora, sempre queremos deixar marcas. O que desejo deixar em meus alunos não é o conhecimento (conteúdo) em sí. Muito diferente disso, primeiro, desejo que ele tenha um prazer muito grande em estar na escola, que saiba que ela é um lugar de convívio e de grande poder de mudança social, pois nela se constrói amigos e saberes. Segundo, que seja crítico, que procure explorar, observar e questionar tudo o que lhe chega ao conhecimento, buscando compreender e não copiar ou memorizar informações e, finalmente, que saiba buscar os saberes, que aprenda a aprender e que tudo o que venha a construir seja útil para sua boa formação social.