Crianças Especiais
Existimos
para darmos as Mãos
Há
alguns anos, nas olímpiadas especiais de Seattle, nove participantes, todos com
deficiência mental, alinharam-se para a largada da corrida de 100 metros rasos.
Ao sinal, todos partiram, não exatamente em disparada, mas com vontade de dar o
melhor de si, terminar a corrida e ganhar.
Um
dos garotos tropeçou no asfalto, caiu e começou a chorar. Os outros ouviram o
choro, diminuíram o passo e olharam para trás.
Então
viraram e voltaram. Todos eles.
Uma
das meninas com Síndrome de Down ajoelhou, deu um beijo no garoto e disse: -
Pronto, agora vai sarar! E todos os nove competidores deram os braços e andaram
juntos até a linha de chegada. O estádio inteiro levantou e os aplausos duraram
muitos minutos...
Talvez
os atletas fossem deficientes mentais....
Mas
com certeza, não eram deficientes espirituais...
"Isso
porque, lá no fundo, todos nós sabemos que o que importa nesta vida, mais do
que ganhar sozinho é ajudar os outros a vencer, mesmo que isso signifique
diminuir os nossos passos..."
Autor
desconhecido
Neste sexto eixo do Curso de Graduação em Pedagogia,estamos explorando a educação das pessoas com necessidades educacionais especiais.As conversas,relatos,reflexões,estudo da história e das legislações vem ao encontro das dúvidas,ansiedades,angustias e desafios que temos como professores dos alunos especiais,e este momento de aprendizagem está sendo de grande valia para a formação docente,já que,em nossas escolas,recebemos e acolhemos a todos,independente das suas necessidades específicas,estrutura escolar ou formação docente.
Ao iniciar estes estudos,quero deixar aqui registrado como vejo a inclusão na Escola e minhas experiências pessoais,até para que ,mais adiante,eu possa perceber minhas aprendizagens a partir destes estudos.
Desde o início de minha caminhada docente,já tive contato com alunos portadores de necessidades educacionais especiais,geralmente crianças com sindrome de Down ou autistas.Infelizmente,no curso normal(magistério) não recebemos formação suficiente para o atendimento destas crianças,então se cuida,se brinca,se observa,se testa,se ama.
No ano de 2006,fui contratada por uma Escola de Ensino Fundamental para atuar como professora apoiadora de um aluno matriculado no primeiro ano,portador de sindrome de Down e autismo.Rodrigo acompanhava todas as atividades desenvolvidas por sua turma,porém necessitava de alguem que o auxiliasse de forma individual e o orientasse em relação a rotina,pertences,higiene pessoal e até para ir ao banheiro.Fez muitas evoluções,era muito esperto e carinhoso com todos,porém passou a ter atitudes extremamente agressivas,surtos e momentos de inquietação intensa.Foi encaminhado a Escola de Educação Especial.
Neste ano,na coordenação de uma Escola Infantil,pude acompanhar o desenvolvimento e as interações de dois alunos autistas.Percebi a dificuldade das educadoras em inseri-los no grupo,em adapta-los ao ambiente escolar,em atender suas demandas e lidar com as frustrações das suas famílias.
Em toda a minha caminhada como educadora pude acompanhar e me esforçar pela qualidade da educação destas crianças que passaram por minhas mãos,mas nunca consegui ter a sensação do dever cumprido.Talvez pela insuficiência de minha formação,pela estrutura da Escola,pela falta de melhores condições e politicas públicas inclusivas...não sei ao certo.Mas tenho o desejo de compreender e buscar maior capacitação para este atendimento e percebo a emergência na melhoria da qualidade da educação inclusiva em nossas Escolas.
Oi Aline, essa cena das Olimpíadas Especiais de Seattle é linda! Vou lembrar pra sempre. Esses atletas nos ensinaram muito. Todos os dias, se estivermos abertos, podemos aprender sempre mais. Convivemos cada vez mais, com pessoas com deficiência. A sociedade está conseguindo abrir espaço para que todos circulem. Com o passar dos anos, a sociedade foi se modificando. Não acredito que haja "receitas" prontas, nem preparo suficiente para que possamos lidar com o outro que possui essa diferença. O contato humano é fundamental. Empatia, escuta, observação e respeito são fundamentais. Fico pensativa com o que contas. Não temos como garantir o quanto os sujeitos vão se desenvolver e progredir, contudo, fica tranquila, pois a oportunidade de acompanhá-los na escola faz toda a diferença na vida desses alunos. A convivência entre os colegas contribui para a aprendizagem de todos. Como professoras a gente sempre almeja mais. Deseja adquirir mais recursos e estar em constante evolução. Pensa que algum tempo é estruturante. As vezes percebemos progressos lentos e algumas mudanças só acontecem bem depois. Mas seguimos estudando, refletindo e pensando em nossas ações. Isso nos faz cada vez mais, melhores professoras. Abraço, Betynha ;0)
ResponderExcluirOlá Aline!
ResponderExcluirO texto que apresentaste tem uma citação que achei inesquecível: "... Mas com certeza, não eram deficientes espirituais... Penso que trouxeste algo bem valioso para tratar de um assunto tão desafiador no nosso cotidiano escolar. Quando penso nas crianças com necessidades especiais, além de vir tantos conflitos pertinentes a nossa prática (como fazer para de fato ajudar essas crianças a se desenvolverem) me vem a questão de não é por acaso que elas de alguma forma vêm parar no nosso caminho. No início da minha caminhada docente, também acreditava que por não sermos "ensinados" a trabalhar com crianças de um universo tão complexo quanto as outras, não seria capaz. Hoje, por tudo que estudamos e vivo em sala de aula, sinto que nós enquanto professores precisamos ainda mais desses desafios para que se enxerguem de uma vez por todas que todos nós, sem exceção, somo diferentes e iguais como seres humanos. Tua reflexão e tuas vivências enriqueceram meu olhar. Obrigada
Alessandra Maria Boa Nova