sexta-feira, 24 de novembro de 2017

                    Refletindo a respeito do Preconceito Racial



 "A questão racial não é exclusiva dos negros.Ela é da população brasileira.Não adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianças negras se a branca não repensar suas posições. Ninguém diz para o filho que deve discriminar o negro,mas a forma com que trata o empregado,as piadas,os ditos e outros gestos influem na educação."(CANDAU, 2003,p.29,30)

No sexto eixo do Curso de Graduação em Pedagogia,fomos provocadas a relatar situações de discriminação e preconceito,diversas formas de preconceito.A partir destes relatos,desenvolvemos um projeto de pesquisa e reflexão sobre as formas de preconceito presentes em nossa sociedade atual,Devido a situações vivenciadas pessoalmente,optei por relatar situações de racismo e pesquisar sua origem e diferentes manifestações,o que foi de grande valia as minhas aprendizagens e formação docente.

Infelizmente,o preconceito étnico racial é uma triste realidade na sociedade atual.Ser negro nos dias de hoje é um desafio a ser enfrentado e mais uma,entre tantas lutas sociais,que buscam o respeito e a igualdade.
A partir da situações de preconceito que aqui compartilhei, baseei minhas reflexões e pesquisas nos motivos  do preconceito,que pelo que podemos observar está culturalmente anexado a sociedade e sua trajetória.
O fato de a população negra ter sido escravizada pelo homem branco durante um absurdo período de nossa história, é ainda um fator que gera um olhar diferenciado em relação as pessoas negras e pardas,embora este período ter se finalizado há muito tempo e ser da concordância geral da sociedade que foi uma infelicidade,a população negra ainda é estigmatizada.
Assim,além do preconceito sofrido,os dados trazem a realidade de uma população que apresenta maiores defasagens em seu processo de escolarização,ingresso nas Universidades e consequentemente a ocupação de trabalhos inferiores e informais.
As lei de cotas vem favorecendo o ingresso da população negra ao nivel superior,que por sua vez tem avançado muito,mas ainda precisa ser ampliado,já que a educação é um instrumento de empoderamento social muito potente em nossa sociedade.
As pessoas de modo geral tendem a compreender cada pessoa como parte de um grupo social,vendo nele todos os estigmas e generalizações  formadoras do preconceito,devido a trajetória histórica e a situação social atual desta população.
Ter orgulho de sua história,sua cultura e sua formação social é um dever também daqueles que se sentem alvo de preconceito,sendo a sua postura instrumento de reflexão e mudança.
A valorização da cultura negra através das diversas ações educativas e sociais,as politicas públicas,o cumprimento das leis que favorecem a educação etico racial e protege a população negra da discriminação,a mudança de pensamento discriminatório,assim como uma reflexão geral de mudança social pode produzir  um pensamento democrático e não excludente,possibilitando a igualdade de direitos e de relações nesta sociedade,não só entre negros e brancos,mas entre todos.

CANDAU, Vera Lúcia. Somos todos iguais? Escola, discriminação e educação em direitos humanos.-Rio de Janeiro: DP&A, 2003.


VIVENCIANDO...

Atualmente,estou realizando um voluntariado nas turmas da Educação Integral do Ensino Fundamental.Nesta semana,onde se comemora o Dia Nacional da Consciência Negra,acompanhei as atividades realizadas pelas educadoras.Muito me chamou a atenção a aula de educação artística em que as crianças foram desafiadas a conhecer e a construir as bonecas Abayomi,cuja a história é um símbolo muito forte da cultura africana.Percebi o interesse dos alunos em realizar a atividade,as expressões assustadas ao falar sobra escravidão e muitas piadas sobre as bonecas ao final da aula,quando alguns alunos negros acusavam seus colegas de serem as bonecas por serem pretos.Fato muito triste,mas que permitiu a educadora ali presente uma intervenção impostante e necessária em relação a preconceito racial.Infelizmente,vivemos em uma sociedade em que muitas vezes o racismo é encarado como senso de humor,até pelas crianças,que certamente reproduzem o que a sociedade tristemente faz...

Texto pesquisado na web sobre as bonecas Abayomi....


Para acalentar seus filhos durante as terríveis viagens a bordo dos tumbeiros – navio de pequeno porte que realizava o transporte de escravos entre África e Brasil – as mães africanas rasgavam retalhos de suas saias e a partir deles criavam pequenas bonecas, feitas de tranças ou nós, que serviam como amuleto de proteção. As bonecas, símbolo de resistência, ficaram conhecidas como Abayomi, termo que significa ‘Encontro precioso’, em Iorubá, uma das maiores etnias do continente africano cuja população habita parte da Nigéria, Benin, Togo e Costa do Marfim.
Sem costura alguma (apenas nós ou tranças), as bonecas não possuem demarcação de olho, nariz nem boca, isso para favorecer o reconhecimento das múltiplas etnias africanas. Inspirado pela tradição dessa arte histórica, a artesã e arte-educadora Cláudia Muller desenvolveu um trabalho único, e, com o objetivo de evidenciar a memória e identidade popular do povo brasileiro, valorizando a diversidade cultural que reina na terra brasilis, criou o projeto Matintah Pereira. A iniciativa produz versões próprias das Abayomi e promove oficinas tanto para ensinar o processo de criação quanto para discutir a importância histórica e social entorno das bonecas.



Nenhum comentário:

Postar um comentário