PIAGET E A AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM
Sobre as origens da
linguagem e do pensamento não é falsa a alternativa do determinismo social ou
do determinismo biológico. Para Piaget, em suas pesquisas de 1920, as
conquistas conceituais realizadas pela criança são explicadas por ele em função
da socialização linguística e de interações sociais. Já em 1930,em razão da
descoberta das estruturas de conhecimento pré-verbais, assim como de novos
mecanismos internos de formação(assimilação, coordenação de esquemas e etc), a
explicação das origens da linguagem e do pensamento é buscada na interiorização
do esquematismo sensório-motor, portanto, na atividade construtiva do sujeito.
O egocentrismo
infantil, a objetividade e a construção de seu pensamento lógico estão
estreitamente ligadas a linguagem socializada. A linguagem socializada é a
linguagem cujos termos e conceitos são compartilhados por todos os membros de
um grupo, o qual possui uma estrutura lógica. Segundo Piaget, a criança passa
por um processo de características do seu pensamento egocêntrico, passando do
pensamento egocêntrico ao pensamento lógico e da linguagem egocêntrica a
linguagem lógica ou socializada.
Os fatores sociais e culturais são aqueles que
promovem o desenvolvimento do pensamento.
A sucessão evolutiva do pensamento autístico individual,
incomunicável) para o pensamento dirigido (socializado, orientado pela
adaptação progressiva dos indivíduos uns com os outros).
O progresso é atribuído a ação do meio social e da
linguagem.
“Basicamente, o desenvolvimento da fala interior depende de fatores externos, o desenvolvimento da lógica na criança, como os estudos de Piaget demonstram, é uma função direta de sua fala socializada. O crescimento intelectual da criança depende de seu domínio dos meios sociais do pensamento, isto é, da linguagem” (Vygotsky,1991,p.44)
Em toda a adaptação causal há um esforço de
adaptação ao mundo exterior, um esforço de objetivação e de despersonalização
do pensamento. A aquisição da linguagem e a interação social estariam
explicando a evolução do pensamento e da linguagem.
A linguagem enquanto
sistema de signos, implica significantes (gestos ou palavras articuladas) que
se reportam a objetos mediados por conceitos ou pré-conceitos, os quais se
apoiam, sobretudo, as fases iniciais, nas imagens mentais. A linguagem está
ligada a constituição da capacidade humana de representar, isto é, de
diferenciar significantes e significados, e por isso ao exercício da função
simbólica. Piaget (1945),mostra que os primeiros esquemas verbais da criança
refletem o uso da linguagem, a qual se
reporta a objetos anteriores assimilados em função dos esquemas
sensórios-motores em via de interiorização ou de conceitualização.
A evolução da ação do
indivíduo depende da evolução das relações
nas quais este se encontra inserido. Socializar significa compartilhar
noções e signos com uma comunidade de falantes e ao mesmo tempo distingui-los
das próprias idiossincrasias e dos pontos de vista particulares. Para Piaget, a
tese maior para explicar a evolução do comportamento humano, incluídas a
inteligência e a linguagem, é da continuidade com reconstrução das estruturas
anteriormente adquiridas, isso não significa o abandono da necessária ação das
relações sociais na formação do pensamento conceitual, permanece a explicação
do pensamento em função das interações sociais.
PIAGET,
J.A Formação do Símbolo na Criança: imitação,
jogo e sonho, imagem e representação. Rio de Janeiro:Guanabara,Koogan.1978
PIAGET,
J. O Pensamento e a Linguagem na Criança.
São Paulo: Martins Fontes.1999
VYGOTSKY.
L. S . Pensamento e Linguagem. São
Paulo: Martins Fontes.1991
Nenhum comentário:
Postar um comentário