quinta-feira, 31 de maio de 2018



            PIAGET E A AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM



Sobre as origens da linguagem e do pensamento não é falsa a alternativa do determinismo social ou do determinismo biológico. Para Piaget, em suas pesquisas de 1920, as conquistas conceituais realizadas pela criança são explicadas por ele em função da socialização linguística e de interações sociais. Já em 1930,em razão da descoberta das estruturas de conhecimento pré-verbais, assim como de novos mecanismos internos de formação(assimilação, coordenação de esquemas e etc), a explicação das origens da linguagem e do pensamento é buscada na interiorização do esquematismo sensório-motor, portanto, na atividade construtiva do sujeito.
O egocentrismo infantil, a objetividade e a construção de seu pensamento lógico estão estreitamente ligadas a linguagem socializada. A linguagem socializada é a linguagem cujos termos e conceitos são compartilhados por todos os membros de um grupo, o qual possui uma estrutura lógica. Segundo Piaget, a criança passa por um processo de características do seu pensamento egocêntrico, passando do pensamento egocêntrico ao pensamento lógico e da linguagem egocêntrica a linguagem lógica ou socializada.
Os fatores sociais e culturais são aqueles que promovem o desenvolvimento do pensamento.
A sucessão evolutiva do pensamento autístico individual, incomunicável) para o pensamento dirigido (socializado, orientado pela adaptação progressiva dos indivíduos uns com os outros).
O progresso é atribuído a ação do meio social e da linguagem.

“Basicamente, o desenvolvimento da fala interior depende de fatores externos, o desenvolvimento da lógica na criança, como os estudos de Piaget demonstram, é uma função direta de sua fala socializada. O crescimento intelectual da criança depende de seu domínio dos meios sociais do pensamento, isto é, da linguagem” (Vygotsky,1991,p.44)

Em toda a adaptação causal há um esforço de adaptação ao mundo exterior, um esforço de objetivação e de despersonalização do pensamento. A aquisição da linguagem e a interação social estariam explicando a evolução do pensamento e da linguagem.
A linguagem enquanto sistema de signos, implica significantes (gestos ou palavras articuladas) que se reportam a objetos mediados por conceitos ou pré-conceitos, os quais se apoiam, sobretudo, as fases iniciais, nas imagens mentais. A linguagem está ligada a constituição da capacidade humana de representar, isto é, de diferenciar significantes e significados, e por isso ao exercício da função simbólica. Piaget (1945),mostra que os primeiros esquemas verbais da criança refletem o uso da linguagem,  a qual se reporta a objetos anteriores assimilados em função dos esquemas sensórios-motores em via de interiorização ou de conceitualização.
A evolução da ação do indivíduo depende da evolução das relações  nas quais este se encontra inserido. Socializar significa compartilhar noções e signos com uma comunidade de falantes e ao mesmo tempo distingui-los das próprias idiossincrasias e dos pontos de vista particulares. Para Piaget, a tese maior para explicar a evolução do comportamento humano, incluídas a inteligência e a linguagem, é da continuidade com reconstrução das estruturas anteriormente adquiridas, isso não significa o abandono da necessária ação das relações sociais na formação do pensamento conceitual, permanece a explicação do pensamento em função das interações sociais.



PIAGET, J.A Formação do Símbolo na Criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. Rio de Janeiro:Guanabara,Koogan.1978
PIAGET, J. O Pensamento e a Linguagem na Criança. São Paulo: Martins Fontes.1999
VYGOTSKY. L. S . Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes.1991         



Nenhum comentário:

Postar um comentário