quinta-feira, 21 de junho de 2018

                PAULO FREIRE E A ALFABETIZAÇÃO

   
Paulo Freire coloca em Cartas para Cristina,pontos que ancoram,segundo ele,uma compreensão crítica da educação.
-Os alfabetizandos são sujeitos no e do processo de alfabetização.
-A alfabetização  é um ato de conhecimento,de criação e não de memorização mecânica.
-A alfabetização deve partir do universo vocabular,pois deste retiram-se os temas.
-Compreender a cultura enquanto criação humana,pois homens e mulheres podem mudar através de suas ações.
-O diálogo é o caminho norteador da práxis alfabetizadora.
-Leitura e escrita não se dicotomizam,ao contrário,se complementam e ,se combinadas,o processo de aprendizagem fará parceria com a riqueza da oralidade dos alfabetizandos.
Em 1958,aconteceu o II Congresso Nacional de Alfabetização de Adultos e de Adolescentes,para avaliar a Campanha de Educação de Adultos e Adolescentes organizada por Lourenço Filho.Nos relatórios deste congresso,Freire já assinalava que um trabalho educativo só podia ser feito se suas orientações se voltassem para a democracia,"se o processo de alfabetização de adultos não fosse sobre-verticalmente-ou para-assistencialmente-o homem,mas com homem,com os educandos e com a realidade(FREIRE,2006,p.124).
Freire traz a concepção de alfabetização-educação,ou seja,de que há duas possibilidades de ensino,uma,a partir de uma prática alienante e universalizante,outra,a partir de uma prática libertadora e dialógica,pois não há neutralidade em alfabetização-educação.
No livro A Importância do Ato de Ler,Freire retoma com muita clareza sua compreensão sobre o conceito de alfabetização,acentuando que seu caráter deve "ultrapassar os limites da pura decodificação de palavras escritas,pois a compreensão crítica do ato de ler se antecipa e se alonga na inteligência do mundo.A leitura do mundo precede a leitura da palavra,daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da leitura daquele.(FREIRE,1982,p.9)
Apreender o texto exige a apreensão das relações entre este e o contexto,por isso,a alfabetização é um "ato politico e um ato de conhecimento,por isso mesmo um ato criador,em que o alfabetizando é o sujeito e não o objeto da alfabetização".
Ensinar não é transmitir,mas estabelecer condições para sua construção,sendo que quanto mais crítico for este processo(ensinar e aprender)tanto mais se amplia a vontade de saber,a curiosidade epistemológica diante dos desafios do mundo.
Paulo Freire chama de movimento esta relação texto-contexto-texto e mundo-palavra-mundo,e diz que "a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura de mundo,mas por uma certa forma de escrevê-lo e reescrevê-lo".(FREIRE,1982,p.13).
No pensamento de Freire,a alfabetização é compreendida como ato criador,não pode ser vista como um simples processo de memorização mecânica das palavras e das "coisas mortas e semi-mortas",mas um processo que se encharca de atos de criação e de recriação.
O papel do educador deve ser o de "dialogar com o analfabeto" sobre situações concretas,por isso a alfabetização não pode acontecer de cima para baixo,nem de fora para dentro(FREIRE,1979,p.41)
Freire denomina de universo vocabular,carregados de experiência existencial,o conjunto das palavras geradoras oriundas da realidade dos educandos,dos grupos populares.Para ele,a alfabetização precisa ser compreendida como um conhecimento ampliador,pois alfabetizar-se "é participar,junto com outras pessoas,de um universo ampliado da própria curiosidade humana.Essa matriz dá consciência,junto com o conhecimento e o sofrimento"(BRANDÃO,2006,p.441)



Referências:

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A educação popular na escola cidadã. Rio de Janeiro:
Vozes, 2002.

FREIRE, Ana Maria Araújo. Paulo Freire - uma história de Vida. São Paulo: vilIa das
Letras, 2006.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo:
Cortez, 1982

FREIRE, Paulo. Cartas a Cristina. I. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.

Verbetes de Paulo Freire: Alfabetização.Liana da Silva Borges

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