segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

     UM PASSEIO CULTURAL MUITO ESPECIAL


                                 Territórios Negros-Carris


Igreja das Dores(construída com mão de obra escrava)com suas lendas intrigantes
                                       

Acredito que um dos passeios mais produtivos em aprendizagens, que fiz com meus alunos foi a saída aos Territórios Negros, pela Companhia Carris de transporte público.
Passei a fazer sempre, inclusive, quando possível, no mês de novembro.
A atividade consiste em um passeio de ônibus pela cidade de Porto Alegre, onde o guia (monitor) aponta aos estudantes as regiões  da cidade reconhecidas como territórios de ocupação e de constituição histórica da população negra de Porto Alegre. Em pontos mais relevantes do trajeto, os estudantes são convidados a descer do ônibus para conhecer melhor o local e ouvir importantes informações sobre ele.


CONTATO: Pode ser feito pelo telefone 158(Prefeitura de Porto Alegre) ou pelo site territórios.negros@carris.com.br

INFORMAÇÕES SOBRE A VISITA: Deve ser agendado com antecedência, para grupos de 30 a 35 alunos acompanhados do professor, é gratuito.

ATIVIDADES EDUCATIVAS: A atividade dura três horas. Envolve momentos de palestras dentro do ônibus e fora dele, em lugares de grande importância cultural. Em todos estes pontos também a entrada é livre. Após a visita orientada a empresa oferece aos estudantes um material sobre patrimônio material e imaterial com atividades, ilustrado. Tanto o trajeto como esta atividade final, tem o objetivo de estimular os estudantes na valorização das memórias históricas, do patrimônio material que viram e o patrimônio imaterial construído pela comunidade negra na cidade de Porto Alegre.


Os locais visitados são:


-Mercado Público(principalmente o centro dele, onde as pessoas deixam moedas para orixás)
- Parque da Redenção
-Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo
-Largo Zumbí dos Palmares
-Quilombo do Areal da Baronesa(Rua Luiz Guaranha)
-Colônia Africana(bairro Bom Fim e Rio Branco)
-Igreja Nossa Senhora das Dores(onde é contada a lenda africana da construção da igreja)
-Largo da Forca(Praça Brigadeiro Sampaio)-Tambor



DICAS:  Recomendo este passeio para crianças maiores, de terceiro a quinto ano, para compreenderem melhor as questões religiosas, de tortura escrava e  fatos históricos. Deve ser agendado com antecedência, de preferência em meses menos chuvosos, pois com chuva é transferido. O grupo deve ser orientado a andar juntos, cuidarem uns dos outros com atenção, pois se desce do coletivo e se volta para ele várias vezes durante a atividade. Mas é muito produtivo e cheio de descobertas e aprendizagens!

Roda situada no Mercado Público,onde as pessoas jogam moedas em homenagem a orixás

Tambor localizado na praça Brigadeiro Sampaio em homenagem a cultura negra

       VALE A PENA LEVAR OS ALUNOS NESTA VISITA DE RICO             APROVEITAMENTO CULTURAL!!!!

sábado, 24 de dezembro de 2016

                   Habilidades Matemáticas: Espaço e Formas


        "A CRIANÇA DEVE ENTENDER QUE A ESQUERDA DE UMA PESSOA QUE ESTÁ A SUA FRENTE,OLHANDO PARA ELA,COINCIDE COM A SUA DIREITA"

                                                                                                                        PIROLA,2006



Sabemos que a geometria é o estudo das formas dos objetos e do espaço que está a nossa volta.
Desde muito cedo,ainda bebês,as crianças começam a explorar o ambiente ao seu redor,assim como manipular os objetos a sua volta,construindo suas primeiras noções de espaciais através dops sentidos e dos movimentos.Quando engatinha pelo ambiente,por exemplo,se dá conta dos obstáculos,desviando-se deles,ou pega um brinquedo consegue observar seu formato ao segura-lo.
Estas primeiras experiências da criança,desenvolvem sua orientação espacial,a partir de suas relações com o próprio corpo,que a princípio é é o seu principal ponto de referência.
Sternberg(2000,p.47),diz que a percepção é "um conjunto de processos psicológicos pelos quais as pessoas reconhecem,sintetizam e fornecem significações (no cérebro) às sensações recebidas dos estímulos ambientais (nos orgãos dos sentidos).
O espaço percebido pela criança (espaço perceptivo)possibilitará a ela,mais adiante,a construção de um espaço representativo.
Piaget distingue o espaço perceptivo ou sensório motor ao espaço representativo(ao qual ocorre quando evocamos objetos em sua ausência ou quando se completa seu conhecimento perceptivo por referência a outros objetos não percebidos no momento). 
A percepção geométrica leva a criança a reconhecer,organizar e sintetizar as informações oriundas dos objetos que estão ao seu redor.A orientação espacial auxilia a criança a se movimentar e a localizar objetos,tendo como base pontos de referência.
Na escola,onde devemos estimular aos alunos o desenvolvimento das diversas habilidades matemáticas,as atividades que provocam a criança a explorar o ambiente e as formas,vai muito além dos ensino de conceitos básicos de geometria.A criança precisa perceber o seu corpo como parte do espaço,as noções de perto,longe,embaixo,em cima,fora e dentro,por exemplo,devem ser experimentadas pelas crianças nas brincadeiras,nas interações de seu corpo,com o corpo dos colegas e o espaço ao qual estão explorando.Tocar os objetos,encaixá-los,empilha´-los,tira´-los e recolocá-los no lugar,permite a criança a formação do pensamento geométrico.
"As habilidades matemáticas são qualidades internas de uma pessoa,que permitem a realização satisfatória de uma atividade definida"(Krutetski,1976,p.74-75).

HABILIDADES QUE DEVEM SER TRABALHADAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
-LATERALIZAÇÃO
-LATERALIDADE
-PERCEPÇÃO GEOMÉTRICA
-ORIENTAÇÃO ESPACIAL

SUGESTÕES DE ATIVIDADES QUE PROVOCAM A CRIANÇA NESTE PROCESSO:
-ORIGAMI(DOBRADURAS)
-GEOPLANO
-TANGRAN
-OBRA DE ARTE
-ATIVIDADES DE GEOMETRIA
-CONSTRUÇÕES COM SUCATA
-CONSTRUÇÃO DE MAQUETES
-BLOCOS LÓGICOS
-QUEBRAS-CABEÇA E JOGOS DE ENCAIXE


UMA LINDA HISTORINHA PARA VIAJAR COM AS FORMAS....

 


Escrita feita a partir das reflexões da leitura dos textos da interdisciplina:

Espaço e Forma na Educação infantil:http://sbem.web1471.kinghost.net/anais/XIENEM/pdf/2462_1802_ID.pdf  acesso em 24/12/2016.
Espaço,forma e Criança:http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo4/matematica/espaco_forma/espaco_forma_texto1.pdf acesso em 24/12/2016.

 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

       A FOTOGRAFIA COMO OBJETO E RECURSO DE                                                  MEMÓRIA




"As coisas nas quais nos ocupamos,na fotografia,estão em constante desaparecimento,e,uma vez desaparecidas,não dispomos de qualquer recurso capaz de fazê-las retornar.Não podemos revelar e copiar uma lembrança"
                                                                        Henri Cartier-Bresson 


Desde o século XIX,com o advento da fotografia,é possível conservar nossas memórias e guardá-las.A fotografia é a invenção que permite ao homem visualizar,além daquilo que está em suas lembranças,fatos,momentos e situações de relavância pessoal ou social,podendo revivê-los sempre que sentir esta necessidade.
As lembranças são a essência da memória e toda a memória é fundamentalmente (re)criação do passado.
Tanto a memória individual como a memória coletiva são partes de nossa história. 
Antigamente,as fotografias,consideradas relíquias de memória,era previlégio de poucos,um documento fidedigno,de grande valor.Hoje,com a fotografia digital,as memórias são retratadas a todo momento,com grande facilidade de manipulação,edição e reprodução instantânea,estando muito presente na vida das pessoas.
"Existem lugares da memória,lugares particularmente ligados a uma lembrança,que pode ser uma lembrança pessoal,mas também pode não ter apoio no tempo cronológico.(POLLAK,1992).
Claro,que devemos levar em conta que hoje,com o grande avanço da tecnologia,a fotografia pode não conter uma credibilidade absoluta.Assim como a memória,ela pode "selecionar" partes do real,afim de iludir,manipular,fazer parecer.
"Possuir a verdade é também ser capaz de enganar"(DATIENNE,1988).
Mas é incontestável  que a fotografia é um objeto portador de memória viva e própria,considerada um relicário,documento.Ela,revolucionou a concepção de memória e visão de mundo,contribuindo nos mais diversos campos das ciências e tecnologias,imortalizando momentos e pessoas.
É de extrema importância a manutenção e armazenamento deste recurso,pois nosso passado,nossa caminhada presente e futura está atrelada a nossa memória.
Essa memória ajuda a dar sentido a nossa existência,compreender melhor nossa trajetória no mundo e a construir nossa identidade.




"FOTOGRAFAR SIGNIFICA CONGELAR NO TEMPO A NOSSA MEMÓRIA,ATESTAR E PERPETUAR A NOSSA EXISTÊNCIA"





                                  E de onde surgiu a fotografia?

 



REFERÊNCIAS:

FELIZARDO, Adair; SAMAIN, Etienne. A fotografia como objeto e recurso de memória. Discursos fotográficos. Londrina, v.3, n.3, p.205-220, 2007. Disponível em: Acesso em:12 dez. 2016

Vídeo You Tube:  https://www.youtube.com/watch?v=BPK8zriZkEA  






segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

                                 EXPERIMENTAR!

"Todo mundo sonha acordado às vezes,como um cientista,de alguma forma.Fantasias elaboradas com disciplina são a grande fonte de todo o pensamento criativo"
                                                              Carta ao um Jovem Cientista(Edward O. Wilson)


A disciplina de Ciências é mesmo fantástica! 
Não desvalorizando as demais áreas,mas esta trabalha com a curiosidade,com a  alegria da descoberta e da busca pelo conhecimento.
Conhecer quem somos e o mundo que habitamos é essencial para sermos pessoas completas.
Fomos desafiadas na interdisciplina Representação do Mundo pelas Ciências Naturais,a fazer com nossos alunos experimentos científicos e observar quais seriam as reações dos pequenos durante as atividades.
A conclusão foi uma só...os pequenos amam experimentar!!
A curiosidade das crianças é algo natural,e cabe a nós, educadores, usar esta curiosidade como pré requisito de trabalho,motivando-os a descobrir,pesquisar e observar,construindo seus conhecimentos científicos.

Vamos ao relato deste precioso momento...


                                 EXPERIMENTO: Arco-íris dos Líquidos 
No laboratório de ciências da Escola,reuní a turminha falando primeiramente sobre cores.Eles falaram sobre as cores que mais gostavam,relacionaram com as cores da natureza e até citaram o arco-íris.
Começamos com a ajuda da profª do laboratório a mostrar os frascos com diferentes líquidos.Depois colocamos sobre as mesas.Conforme eu escolhia cada um derramava um frasco na proveta.E diziam:

-Eu coloco o amarelo que é a cor do sol!!
-Eu coloco o vermelho da cor do sangue e da flor!
-Eu coloco o azul do Grêmio!!
 E pronto!!!Surgiu o arco-íris!!!
-Olha profª!Que lindo !!!

Daí questionei o porquê de estarem separadas as cores:

-Porque o amarelo não gosta de ficar perto do azul né profª?
-Não...acho que a profª botou um papel no meio e a gente não viu.
-A profª fez mágica!!

Com palavras apropriadas expliquei a eles sobre a densidade(fininho e grosso) dos líquidos.Amei ver a curiosidade,as carinhas surpresas e as hipóteses que fazem para explicar aquilo que não conhecem ainda!
Quiseram tocar a proveta,olhar de perto os líquidos,compararem as cores e sacudir para misturar...
Foi muito legal!!!

  




MUITO BOM EXPLORAR E DESCOBRIR COM ESTES PEQUENOS CURIOSOS!!!!   



Referências:
Cartas a um jovem cientista / Edward O. Wilson; tradução Rogério Galindo. — 1a ed. — São Paulo: Companhia das Letras,2015
Atividade baseada no Vídeo You Tube:https://www.youtube.com/watch?v=HQx5Be9g16U 

sábado, 26 de novembro de 2016

                          A Criança Pequena e o Tempo 


    "O presente é onde nós nos perdemos,esquecemos nosso próprio passado e não tivemos a  visão de futuro" 
                                                                                            (Ayi Kwei Armah,1989)


Tendo a experiência de ter dois filhos pequenos e atuar em uma classe de educação infantil,percebo diariamente a curiosidade que as crianças tem em relação a passagem do tempo,o quanto procuram compreender o funcionamento das horas,dias,anos,o passado,o presente e o futuro.
É comum as crianças perguntarem sobre como era quando elas eram bebês,ou como era quando nós,adultos,éramos crianças como elas.
Como seria ensinar história para essas crianças?
Seria possível se engajarem no processo de investigação histórica?

Algumas perguntas comuns que observo cotidianamente:(falas das crianças)
  • Profª,quando tu nasceu já tinha celular?
  • Não me lembro nada de quando eu era nenê!
  • Será que quando eu crescer vai ser tudo assim como é agora?
  • Meu pai brincava de ioÎô...o que é isso profª?
  • Cheguei atrasado...vocês já comeram almoço? 
No texto,Aprendendo e Ensinando sobre o Passado a Crianças de Três a Oito Anos de 
Idade,Hilary Cooper coloca que é preciso encontrar formas de ensinar as crianças ,desde pequenas a partir de seus interesses em uma aprendizagem ativa e de pensamento genuíno,mesmo que embrionário,de maneira crescentemente complexa,sempre contestando a ideia de uma história oficial única.
Segundo Piaget, as crianças tem capacidade de desenvolver argumentos sobre fontes históricas,se forem orientadas,conseguem diferenciar o que é real do que é provável,isto é ,hipóteses.(probabilidade,linguagem,raciocínio).
Vigotski(1962),demonstrou que novos conceitos são aprendidos por julgamento e erro durante discussão,na qual o professor encoraja o uso do porque,explica novos conceitos,fornece mais informações e faz correções.
Bruner(1963)demonstrou os princípios sobre os quais a disciplina deve ser estruturada para que os processos de pensamento e o que está no centro dele(conceitos,questões e métodos de resposta)possam ser provocados desde o início,na sua forma mais simples.
Assim,devemos possibilitar as discussões,levantamento de hipóteses e reflexões da criança sobre o tempo, o passado e as perspectivas de futuro,motivando-a a compreender-se dentro do tempo.

A autora trás sugestões importantes para o trabalho de história com as crianças pequenas:

  • Tempo e mudanças na vida da criança(linha do tempo)
  • Tempo e mudanças na sua casa,bairro,cidade.
  • História sobre o passado mais distante(contos de fadas,mitos,lendas)
  • Adivinhações sobre diversas fontes(fotos antigas,canções,pinturas,museus)
  • Discussões que possibilitem vários pontos de vista
  • Sequenciando fatos históricos
  • Criando fatos do passado
  • Interpretações,ilustrações e representações de histórias diversas
  • história por meio de jogos
  • Peças teatrais 
      Sugestão de livro para trabalhar a questão do tempo(passado) na educação infantil:

Este livro,A Colcha de Retalhes,conta a história de uma avó que recebe seu querido neto na sua casa,e mostra para ele a colcha de retalhos que está fazendo e cada pedacinho tem um significado especial para sua família,cada retalho conta uma história.



 REFERÊNCIA:
COOPER, Hilary. Aprendendo e ensinando sobre o passado a crianças de 3 a 8 anos. Educar, Curitiba, v. Especial, p.171-190, 2006. Disponível em: Acesso em: 20 nov. 2016.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

               Repensando o Ensino das Quatro Operações


 

"Como educadores,almejamos encantar nossos alunos de modo que explorem situações que sejam desafiadoras para eles e que os estimulem a realizar descobertas,identificar relações,enfim,que aprendam a gostar de estudar e de aprender matemática"


Desde o ano de 2007 atuo nos anos iniciais do Ensino Fundamental, tendo assim, inúmeras vezes me deparado com o ensino das operações matemáticas. Ao realizar a leitura do texto Técnicas e Tecnologias no Trabalho com as Operações Aritméticas nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, dos autores Bittar,Freitas e Pais,tive momentos de ricas reflexões e descobertas,principalmente em relação a dificuldade dos alunos na resolução dos cálculos e na compreensão das operações matemáticas na sua funcionalidade.E me refiro assim,tanto nas operações de adição e subtração,como nas operações de multiplicação e divisão.



                                                  As Operações Aritméticas

 Sempre utilizei materiais concretos em minhas aulas,principalmente ao lançar o conteúdo novo,mas logo depois já partia para a exercitação do algoritmo,do cálculo propriamente dito,sempre partindo dos casos mais fáceis(números menores)para os mais complexos(números maiores),citando a divisão em unidades,dezenas e centenas,mas sempre trabalhei o Quadro Valor de Lugar,como outro conteúdo,isto é ,separado.Procuro sempre trazer muitas situações diferentes para desenvolver o pensamento(jogos,brincadeiras numéricas,encartes de supermercado...)mas sempre de forma mais técnica,mecânica,e as expressões “vai um” e “pede emprestado pro vizinho” fazem parte das minhas aulas.
A partir das reflexões provocadas pelo texto, percebi a emergência de fazer algumas modificações na condução das aulas de matemática.
 Por exemplo:

-Uso de materiais concretos manipulativos durante todo o processo de aprendizagem.
(material dourado,tampinhas,palitos,ábaco...)


-Trabalhar com a decomposição dos numerais em paralelo com a resolução das operações matemáticas, iniciando pelo caminho mais longo, de cálculo com decomposição dos numerais.(uso do Quadro Valor de Lugar).

245+124=  200+100=300
                   40+20=60
                    5+4=9
                    resultado=300+60+9=369

-Permitir ao aluno explorar diversas formas de efetuar o cálculo,mostrando diferentes estratégias.

      12            10+2
      x8               x8                       12+12+12+12+12+12+12+12=96
     ----             ----
     96              80+16=96

-Só definir as propriedades das operações após os alunos percebê-las através da exploração das atividades.

Ex: Ao realizar diversas atividades,o aluno perceberá que: 25 dividido por 5=5,pois 5x5=25

-Explorar diversas situações problemas, lançando desafios que permitam o desenvolvimento do pensamento matemático.

"Se eu tenho 8 bombons e quero repartí-los entre 4 pessoas,quantos darei para cada uma?
E se tivesse só 7 bombons?
E se fossem 2 pessoas?"

-Diminuir a quantidade de “continhas” para poder problematizá-las melhor com o grupo de alunos, dramatizando-as, desenhando-as,enfim,favorecendo a melhor compreensão dos objetivos do cálculo.

26-12     Aninha tem 26 anos e sua mana caçula tem 12 anos.
               Quantos anos Aninha tinha quando sua maninha nasceu?
usar material de contagem,decompor os numerais 26 e 12,desenhar as irmãs...
20-10=10             26
6-2=4                 -12     vinte e seis menos doze é igual a catorze
10+4=14              14

-Usar uma linguagem mais adequada as situações de aprendizagem, como por exemplo,agrupar as dezenas,em vez de “vai um”.
 usar as palavras decomposição,transporte,retorno,dezenas,unidades...e não "pedir emprestado pro vizinho..."

Em relação as operações matemáticas,pude elaborar considerações de grande valia no processo de definição dos algoritmos e ,principalmente da compreensão das operações a serem realizadas,sempre priorizando a experimentação do aluno,as suas hipóteses e conhecimentos prévios,mostrando o processo de formação dos números e operações e dando significado a cada passo do processo de busca pelo resultado.


O que ficou muito evidente foi a importância de o aluno construir o conhecimento matemático, sendo capaz de usar suas estratégias para chegar ao resultado,não deixando de conhecer e saber utilizar os algoritmos de resolução das operações.

     Processo de aprendizagem +  uso de algoritmo
 






  



         Referência:

domingo, 6 de novembro de 2016

                      QUANTO TEMPO TEM A ESCOLA? 

 

Cortar o Tempo

Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias?
a que se deu o nome de anos,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança,
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão pra qualquer ser humano
se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação
e tudo começa outra vez,
com outro número e outra vontade de acreditar
que daqui pra diante vai ser diferente.
Drummond  


Parando para pensar em algo muito relevante...Como gerenciamos o tempo em nossas escolas?Nós,educadores o aproveitamos da mesma forma que nossos alunos?


Em relação ao uso do tempo na sala de aula,a realidade dos professores e dos  alunos é buscar o tempo todo, cumprir as rotinas estabelecidas pelas instituições de ensino,assim como,os prazos  para realização das atividades,o calendário escolar, avaliações,desenvolvimento de conteúdos e o mais preocupante,cumprir o tempo determinado para que a aprendizagem aconteça.
Assim surge a necessidade de refletir sobre o tempo na escola.
Segundo o texto Questões sobre o Tempo Escolar, explorado na interdisciplina Representação do Mundo pelos Estudos Sociais,o tempo nas escolas está subordinado e sofre uma fragmentação cíclica,através das séries,níveis,etapas,bimestres,trimestres.
A sociedade atual vive de forma vinculada a organização do tempo de forma muito rígida e linear.A sociedade moderna está vinculada a crença e o progresso,crendo que ao findar um tempo há esperança do surgimento de outro melhor,e assim,a organização escolar também vem há muito tempo se organizando rigorosamente em relação ao tempo.A sociedade atual,está deixando de viver um tempo linear para vivenciar uma simultaneidade temporal e a escola não pode deixar de se adequar isso.
É emergente repensar o tempo escolar.
Sampaio (2002), explicita que o tempo na escola é diferente do tempo das crianças,pois existe a expectativa de que todas aprendam num determinado tempo definido como série.A escola se prende a um paradigma homogeneizador que nega as diferenças.
Assim também Gómez (2004) ”Que escola que queremos?” sinalizando que a estrutura espacial e temporal não dá oportunidade e vazão para a criatividade,coletividade,vivência sócio-cultural.
Não diferente dos alunos,os professores vivem seu fazer pedagógico de forma totalmente subordinada ao tempo escolar, determinado pelo sistema atual de ensino.Muitas vezes,desqualificando seu trabalho docente,que é atravessado pelas questões da falta de tempo para a concretização de seu trabalho.”O tempo é uma construção social em constante mudança,e não e não é vivido apenas por aqueles que compartilham o espaço escolar, mas também pelas famílias e por toda a comunidade”(FRAGO,1998).
Segundo o texto,o tempo é continuidade(COELHO,2007) e é preciso pensar o tempo de criação na escola.Criar espaços expandidos,interativos e flexíveis,onde as diferenças sejam respeitadas além do conteudismo,para que se possa viver a alegria de cada momento.



Referências:
OLIVEIRA, Cristiane et al. Questões sobre o tempo no espaço escolar. Disponível em: Acesso em 22 set. 2016.
SAMPAIO, Carmem Sanches. Educação brasileira e(m) tempo integral. In: COELHO, Lígia Marta C. da Costa, CAVALIERE, Ana Maria (Orgs.). Alfabetização e os múltiplos tempos que se cruzam na escola. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. p. 182-196.
FRAGO, Antonio Viñao. Tiempos escolares, tiempos sociales – La distribución del tiempo y del trabajo em la enseñanza primaria em Espana (1838-1936). Barcelona: Ariel, 1998.
GÓMEZ, Encarna Sato. Outros tempos para outra escola. Revista Pedagógica Pátio, n.30, p.47-50, maio/jul. 2004.
COELHO, Lígia Martha Coimbra da Costa Coelho. Escola pública de horário integral: um tempo (fundamental) para o ensino fundamental. Disponível em: Acesso em 20 de jun. 2007.


sábado, 5 de novembro de 2016

            O ENSINO DE HISTÓRIA NA ESCOLA

                

"...é a história contemporânea que realmente interessa fixar no programa escolar,pela sua relação de causalidade mais próximas com os problemas sociais do momento,a que o educando tem que fazer face."
 Murilo Mendes,1935


Ao refletir sobre o atual ensino de história em nossas escolas,além da preocupação com a real aprendizagem dos alunos sobre os eventos históricos relevantes,várias considerações nos causam inquietações,como a intencionalidade da formação histórica que ensinamos e a compreensão da criança sobre o tempo.
Já em minha época de estudante em idade escolar,a disciplina história nas escolas, era permeada pelos enormes textos cheios de nomes e datas,onde se decorava fatos sem associá-los a sua importância histórica.Além de se ter uma versão única sobre os acontecimentos,experimentava-se informações que não resultavam em conhecimento,sempre desvinculado da vida cotidiana,a desmotivação em aprender era fato.
A história como disciplina escolar teve uma trajetória de forte luta contra a dominação política e religiosa e uma constante busca pela sua valorização e intencionalidade social.
No século XIX,nascia a história na escola,imbricada nos movimentos de laicização da sociedade e da constituição das nações modernas,com o ensino baseado na formação das grandes civilizações.
No Brasil,após a Independência,os estudos históricos entravam no currículo escolar,trazendo a história da Europa Ocidental,com biografias de homens ilustres,suas datas e batalhas.A educação Moral e Cívica,que surgiu com o projeto de reformulação da educação pública(1892)trazia a biografia de brasileiros célebres,do Brasil Colônia e Proclamação da República.Nesta época,a história servia para formar cidadãos patriotas,democráticos,sem preconceito,vivendo em uma sociedade harmoniosa,mascarando as desigualdades sociais,a dominação oligárquica e a ausência da democracia social.
Este cenário no ensino de história só teve avanço,após a o movimento militar de 64,onde se começa a buscar a identidade das diferenças,a pesquisa direcionada as realidades sociais,o estudo da história local e regional e a introdução dos Estudos Sociais.
Com o passar do tempo,se repensa o ensino da história nas escolas e,atualmente,as perspectivas estão vinculadas a se viabilizar outras concepções de história,comprometidas com a libertação e emancipação do homem,compreendendo o papel da história na compreensão de sí,dos outros e do lugar que ocupamos na sociedade,entendendo os deveres históricos que temos como parte da sociedade atual.
É preciso motivar os estudantes a pensarem historicamente,a refletir os fatos históricos com base na situação histórica atual,considerando suas diversas fontes,começando pela historicidade dos próprios estudantes.

      PARA ENSINAR HISTÓRIA É BOM CONSIDERAR QUE...

  • Se deve aceitar que o saber escolar está vinculado ao poder(partido,igreja,estado)mas que estes definem os objetivos e conteúdos.
  • O ensino de história é temático e sem hierarquia de assuntos.
  • O conteúdo não pode ser ensinado de forma isolada.
  • O ponto de partida do currículo é resultante da interação aluno/professor,do meio social.
  • É fundamental resgatar a historicidade dos próprios alunos.
  • Professor e aluno são agentes da construção social,da memória social.
  • Viabilizar o uso de fontes variadas e múltiplas,provocando discursos múltiplos sobre temas específicos.


  

Referências:

NADAI, Elza. O ensino de história no Brasil: trajetória e perspectiva. Revista Brasileira de História. São Paulo, v.13, n.25/26, p.143-162, set.92/ago.93.

MENDES,Murilo.A História no Curso Secundário.São Paulo,Gráfica Paulista,1935,p.41. 




terça-feira, 1 de novembro de 2016

                          CARTOGRAFIA NA ESCOLA 


 

Cartografia é a ciência que instrumentaliza os sujeitos a lerem o mundo de forma mais complexa,pois oportuniza,em parte,a interação significativa com os símbolos que dele fazem parte.

Estou a um bom tempo atuando em sala de aula,nas turmas de anos iniciais e educação infantil,e por mais que eu tenha trabalhado com mapas,endereços,localização e noção de espaço,não havia ainda feito uma reflexão mais profunda com respeito a compreensão real das crianças em relação ao espaço que ocupam,ou seja o espaço que as rodeiam.
Piaget,através dos seus estudos sobre a Epistemologia Genética,coloca que a criança é capaz de compreender o seu espaço de acordo com o seu desenvolvimento cognitivo.   
No texto Geografia e Cartografia Escolar no Ensino Básico:Uma Relação Complexa:Percursos e Possibilidades,de Antonio Carlos Castrogiovani e Roselana Zordan Costella,relatam a realização de uma pesquisa sobre o conhecimento cartográfico dos estudantes,isto é,o quando nossos alunos realmente conhecem sobre o espaço em que estão inseridos,e nos provoca,como educadores, a repensar o ensino da geografia em nossas escolas,a necessidade de um letramento cartográfico,ou seja,saber situar-se,reconhecer e identificar o espaço que o cerca.
"A geografia lê o mundo por meio da paisagem,a cartografia é a linguagem que a representa"(Moreira,2012)
Na educação infantil percebo uma grande dificuldade dos alunos de se localizarem até mesmo dentro da escola.Os alunos dos anos iniciais,muitas vezes desafiados a fazerem mapas de suas cidades,estado ou país,não conhecem bem a rua onde moram,não conseguem destacar pontos de referência para chegar a sua casa ou não reconhecem as noções de distância de um lugar a outro.
É necessário promover em sala de aula situações ricas de aprendizagem cartográfica,partindo do espaço próximo e simples,como a rua onde mora,até aqueles espaços mais amplos,complexos que os alunos veem nos mapas.
Através da observação,dos jogos ,das dinâmicas de exploração espacial e atividades que estimulem as noções espaciais básicas,é possível fazer da cartografia uma ferramenta indispensável no ensino da geografia,mediando a construção do conhecimento cartográfico que possibilitará  a compreensão do espaço  nas aprendizagens futuras,mais complexas.


NOÇÕES ESPACIAIS A SEREM DESENVOLVIDAS NA ESCOLA:
  • Memória espacial
  • Lateralidade
  • Percepção de imagens em diversos pontos de vista
  • Relações de distância
  • Interlocução de quadros paisagísticos
  • Ordenamento de pontos de referência
  • Uso de escala matemática
  • Construção de mapas,plantas baixas e maquetes


RELAÇÕES ESPACIAIS  DESENVOLVIDAS NA FORMAÇÃO CARTOGRÁFICA:    

  • Relações topológicas:Noções de vizinhança e continuidade.
  • Relações projetivas:Ter referência de projeção,podendo mudar conforme o ponto de vista.
  • Relações euclidianas:Consegue distinguir o que está perto ou longe com segurança,a partir da distância percorrida,tendo um ponto de referência fixo.
       

REFERÊNCIA:
CASTROGIOVANNI, Antonio; COSTELLA, Roselane. Geografia e a cartografia escolar no ensino básico: uma relação complexa - percursos e possibilidades. In: SEBASTIÁ, Rafael; TONDA, Emilia. La investigación e innovación en la enseñanza de la Geografía. Alicante: UNE, 2016, p.15-26.

  
  

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

       A Curiosidade e o Espanto: Ciências Naturais


 
Uma forte característica das crianças é a curiosidade.Desde cedo ,percebe seu corpo,o ambiente,a natureza,o outro.Esta percepção a faz,naturalmente,desejar conhecer mais sobre o mundo a sua volta.É este o pensamento que tenho,a cada vez que,em sala de aula,sou desafiada a ensinar ciências.
Saber desta curiosidade me deixa confiante.
Eu entendo que ciências é o estudo de tudo o que faz parte da natureza,dos seres vivos e de suas especificidades.O estudo de ciências na escola serve para os estudantes se reconhecerem como seres naturais,que fazem parte da natureza e atuam sobre ela,visando terem conhecimento sobre o mundo em que estão inseridos.
Neste semestre,tivemos a alegria de iniciar a interdisciplina Representação do Mundo pelas Ciências Naturais.No primeiro encontro,já tivemos fortes reflexões sobre o ensino da ciência,a curiosidade das crianças em relação ao mundo que a rodeia e a responsabilidade de ,nós,educadores,motivar a busca pelo conhecimento,a pesquisa,os experimentos e a valorização deste desejo infantil pelos saberes naturais,independente dos recursos materiais que possuímos em nossas instituições de ensino
.Ao assistirmos a um vídeo muito rico sobre o ensino de ciências,Acesso á Ciência:Ilha dos Marinheiros,já foi possível ter nova motivação para conduzir as aprendizagens e ser um professor provocador,motivando os alunos,aproximando-os dos saberes,da experimentação e,principalmente,proporcionando-lhes o espanto e a alegria da descoberta,o que permite o verdadeiro aprender e conhecimentos significativos.

Algumas Lembranças sobre as Aulas de Ciências...

-Tenho boas lembranças das aulas da minha infância...plantar o feijãozinho no algodão,filtrar a água,montar terrários,pesquisar e escrever muito sobre os assuntos da natureza.E na oitava série,tive a lamentável experiência de vomitar na sala de aula,enquanto a professora mostrava macarrão espagueti mergulhado em algum líquido gosmento,tentando explicar de forma mais prática como eram as lombrigas! 

-Já como professora,em sala de aula,muitas foram as descobertas,os experimentos e as surpresas...Certa vez,quando estava falando sobre animais nocivos,falei da piranha...um aluno,com um rosto muito surpreso,do primeiro ano,me corrigiu dizendo que piranha não podia ser um peixe,porque era uma mulher!!

-Há poucos dias atrás fui totalmente surpreendida por um aluno que me contestou.Eu estava explicando sobre alimentação infantil e falei de leite materno.O aluno prontamente me corrigiu dizendo que todos os leites são maternos...e ainda me perguntou qual era o parentesco entre a vaca e o bezerro. Quando eu disse que era mãe e filho ele respondeu com um VIU PROF!



Vale a pena ouvir esta música e refletir sobre a curiosidade,o espanto e as descobertas dos pequenos...