segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

            Refletindo com as ideias de Edgar Morin


 

AS CEGUEIRAS DO CONHECIMENTO:O ERRO E A ILUSÃO   


Edgar Morin em sua obra Os Sete Saberes Necessários a Educação do Futuro traz um capítulo voltado ao que ele denomina As Cegueiras do Conhecimento:O Erro e a Ilusão,onde o educador nos leva a reflexão de que o conhecimento,sob forma de palavra,de ideia,de teoria,é o fruto de uma tradução/reconstrução por meio da linguagem e do pensamento e,por conseguinte,está sujeito ao erro.Ele coloca que todo o conhecimento está sujeito a interpretação de seu conhecedor,suas vivências,sua visão de mundo e seus princípios de conhecimento,sendo assim é questionável,discutível e gerador de reflexão. A Escola deve-se dedicar as "cegueiras","erros" e "ilusões",isto é ,dedicar-se ao verdadeiro conhecimento,construído,vivo e reflexivo.
Ele traz a ideia da afetividade ser inseparável do desenvolvimento da inteligência,da curiosidade,da paixão que motivam as pesquisas filosóficas e científicas.
Morin nos exemplifica os erros mentais,como nossas próprias justificativas do que é mal,o egocentrismo e os sentimentos que usamos para mascarar as realidades.Aponta nossa memória como fonte falha de conhecimento,pois tende a reter o que nos agrada e apagar aquilo que nos traz encômodo.Ressalta os erros intelectuais,ou seja,um sistema pronto de ideias baseadas nas teorias,doutrinas,ideologias e culturalismo,são conhecimentos prontos que não se valem de questionamentos.A nossa razão,chamada por ele de racionalidade é a maior proteção contra o erro e a ilusão,pois ela é sempre corretiva,nos leva ao pensamento certo ou correto eticamente.A Racionalidade construtiva nos permite criar,promover,construir teorias e ideologias,enquanto a racionalidade crítica nos provoca a condenar as práticas ideologicas e culturais.O autor chama de racionalização quando deixamos de opinar,refletir,questionar e agimos de acordo com os conhecimentos e conceitos já prontos,pré-estabelecidos,tendo-os como absolutos,ou sistemas lógicos perfeitos.
Ainda traz de forma muito pertinente a questão dos erros paradigmáticos,ou seja,vivemos em uma sociedade cheia de paradigmas que limitam os conhecimentos e a renovação da mente,promovem o preconceito e as pré concepções sobre as aprendizagens e os conceitos,são concepções já prontas e formadoras de opiniões fechadas através de conceitos-mestres.

"A verdadeira racionalidade,aberta por natureza,dialoga com o real que lhe resiste.Opera o ir e o vir incessante entre a instância lógica e a instância empírica;é fruto do debate argumentado das ideias,e não a propriedade de um sistema de ideias"(MORIN,2002)

As ideias do autor nos provam mais uma vez que o conhecimento não é estanque e não existe o "dono do saber".Todo o conhecimento se modifica,está sujeito a ação de seus interpretadores,a cultura e a ideologias. A racionalidade,a efetividade,o diálogo e a reflexão devem estar presentes na Escola,aprimorando os conhecimentos e sustentando-os nas trocas,nas vivências,na pesquisa constante,no diálogo e na reflexão.É emergente que nossos alunos sejam educados a refletir,a questionar e a construir uma aprendizagem crítica sempre.

                        COMPLEXIDADE E INTERDICIPLINARIEDADE

Edgar Morin nos traz uma reflexão muito relevante com respeito aos conteúdos escolares,ou seja,como a Escola organiza os seus conhecimentos,seu processo de aprendizagem e faz uma forte crítica em relação as aprendizagens de nossos alunos.
Para ele o aluno deve se sentir parte integrante de todo o sistema de ensino,situar-se no mundo.
"Conhecer o humano não é separá-lo do Universo,mas situá-lo nele"(MORIN,2002)
Ressalta que,infelizmente,nosso sistema de ensino,característico de uma sociedade individualista, traz os conteúdos separados em disciplinas,desvinculando os conhecimentos,o que faz com que os alunos não estabeleçam conexões entre as aprendizagens,perdendo a noção geral de seus saberes,o conhecimento como um todo.Assim,defende que deve existir uma maior contextualização dos conceitos,uma reforma neste pensamento fragmentado que faz com que o aluno veja a Escola como várias "gavetinhas" com conhecimentos diversos que se diferem entre sí. Este conhecimento compartimentado torna-se desvinculado da vida prática do estudante.
Assim Morin traz o conceito da Transdiciplinariedade,onde os conceitos vão além da disciplina,onde existe um diálogo constante entre os conhecimentos e estabelecimento de conexões,o que o autor chama de pensamento complexo,que engloba várias dimensões,diferentes realidades e interações.Acredita que da interação entre os elementos emerge a novidade.
"Sistema Complexo:Conjunto de elementos que ativamente se relacionam entre sí,se mantem constantes ao longo do tempo e formam uma estrutura com alguma funcionalidade."


MORIN,Edgar,1921-Os Sete Saberes Necessários a Educação do Futuro;Tradução:Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya;Revisão Técnica de Edgar Assis Carvalho-5ªed.-São Paulo;Cortez;Brasília,DF;UNESCO,2002.

MORIN,Edgar.Educação e Complexidade:Os Sete Saberes e Outros Ensaios.São Paulo;Cortez,2002

domingo, 3 de dezembro de 2017

             Características dos Estádios de Desenvolvimento


SENSÓRIO-MOTOR(0 A 2 ANOS)

-Periodo marcado pela ação sobre a realidade,sem representação da mesma
-Inteligência prática
-Egocentrismo
-Não conservação do objeto,ou seja,o objeto deixa de existir quando sai do campo visual.
-Anomia(ausência de lei ou de regra, desvio das leis naturais; anarquia, desorganização.)

PRÉ-OPERATÓRIO (2 A 7 ANOS)

-Início da capacidade de representação da realidade(jogo simbólico)
-Antropomorfismo(atribui características e comportamentos típicos da condição humana às formas inanimadas da natureza ou aos seres vivos irracionais.)
-Raciocínio transdutivo
-Pensamento irreversível
-Artificialismo
-Pensamento mágico
-Egocentrismo
-Centração do Pensamento
-Pensamento intuitivo
-Pensamento centrado na percepção
-Animismo
-Realismo 
-Realismo nominal
-Heteronomia(sujeição a uma lei exterior ou à vontade de outrem; ausência de autonomia.)

OPERATÓRIO CONCRETO(7 AOS 12 ANOS)

-Capacidade para realizar operações a nivel mental,porém relativas ao mundo concreto.
-Capacidade para realizar classificações e seriações
-Surge a noção de número
-Surge a reversibilidade de pensamento
-Surge a capacidade de conservação fisica dos objetos,como peso,quantidade e volume.
-Capacidade de jogar jogos de regras
-Descentração do pensamento
-Autonomia moral

OPERATÓRIO FORMAL(A PARTIR DOS 12 ANOS)

-Pensamento probabilistico
-Raciocínio sistemático,com controle de variáveis
- Capacidade de pensamento hipotético
-Pensamento proporcional
-Capacidade de jogar com regras
-Descentração do pensamento
-Análise combinatória
-Autonomia moral



BECKER,F. e MARQUES,T.Estádios do Desenvolvimento.In.BECKER,F.Educação e Construção do Conhecimento,2ª ed.Porto Alegre:Artmed,2012
PIAGET,Jean:Seis Estudos de Psicologia.São Paulo.Forense Universitária,LTDA.17ª ed.,1990.

PIAGET.Jean.A Epistemologia Genética.Trad.Nathanael C.Caixeira.Petrópolis:Vozes,1971.

     Estádios do Desenvolvimento Cognitivo-JEAN PIAGET

"A Epistemologia genética de Jean Piaget tem como interesse estudar a gênese das estruturas cognitivas,explicando pela construção-daí construtivismo-mediante interação radical entre o sujeito e o objeto" (MARQUES,2005,p.50)


Segundo Piaget, o desenvolvimento cognitivo tem seu início no nascimento e termina na vida adulta,superando a maturação puramente orgânica,acontece através das interações do sujeito com o meio ao qual está inserido e com a interação com o próprio objeto de aprendizagem,assim pode acontecer de forma diferente em cada indivíduo.O desenvolvimento é uma equilibração progressiva,passagem contínua de um estado de menor equilíbrio para um estado de maior equilíbrio.Segundo os estudos de Jean Piaget,a criança em desenvolvimento passa por estádios,isto é,fases parecidas em seu processo de aprendizagem.A partir de suas interações,maturação e relações com o meio ela passa a desenvolver suas estruturas de aprendizagem,e a cada nova percepção desequilibra seus conceitos formando novos conceitos e estruturas,se desenvolvendo.
"Um estádio significa um corte,um patamar,uma fase,um período,uma etapa nitidamente distinta e irreversível que constitui uma organização estrutural equilibrada no processo de desenvolvimento"(PIAGET,1971).
A ordem ou sucessão das aquisições são constantes,não cronológicas ou ordinárias.Dependem da experiência anterior e não somente da maturação e depende do meio social,o que pode acelerar ou retardar o aparecimento de um estádio.Estas fases tem um caráter integrativo,ou seja,estruturas construídas numa dada idade se tornam parte integrante das estruturas da idade seguinte.

Esquemas

São estruturas que se modificam com o desenvolvimento mental e que tornam- se cada vez mais refinadas a medida que a criança torna-se mais apta a generalizar os estímulos.São responsáveis pelas estruturas cognitivas que processam as mudanças responsáveis pela assimilação e acomodação.

Estrutura

Estrutura é uma organização interna, não apenas cognitiva e psicológica, mas também e fundamentalmente biológica, neuronal ou cerebral, com a qual a criança organiza todas as suas ações ou interpreta tudo o que faz atribuindo coerência à diversidade dos seus fazeres.
A vantagem de se usar o conceito de estrutura, segundo Piaget, está no fato de se poder agrupar nesse conceito todas as ações da criança, no sentido tanto das classes quanto das relações.
Uma estrutura cognitiva não existe desde o nascimento. Ela é resultante de longos processos de construção. A explicação pelo insight, da Gestalt, não é, pois suficiente visto que não considera esses longos e minuciosos processos, no final dos quais se formam as estruturas que, ainda, passarão por um longo processo de generalização que progressivamente as consolida. A Gestalt tem o mérito de reconhecer as características de totalidade e de raízes biológicas (Piaget, 1936, p.352, §3) das estruturas intelectuais, mas não seu longo processo de formação produzido pela ação do sujeito.

Decalagens

Decalagem é o fenômeno de resistência a generalização de uma estrutura do conjunto ou dos estádios.Consiste na "repetição" ou "reprodução" do mesmo processo formador em diferentes idades.(PIAGET,1972/1975,p.365).Exemplo:Uma criança que tem a noção de conservação de substância ou matéria,ainda não a tem quando se refere a peso,o que ocorrerá mais tarde,e ainda mais tarde adquirará a noção de conservação de volume.
Decalagens Horizontais:Repetição ou reprodução do mesmo processo formador em diferentes idades,como por exemplo a noção de conservação da substância,peso e volume.
Decalagens Verticais:Reconstrução de uma estrutura por meio de outras operações.Como por exemplo um bebê que se desloca em seu espaço cotidiano,mas é incapaz de representar o mesmo espaço quando afastado dele(pensamento perceptivo) e depois,mais tarde,consegue fazer isso(plano representativo).(Montangero e Maurice-Naville, 1998,p.174)


Bibliografia:
BECKER,F. e MARQUES,T.Estádios do Desenvolvimento.In.BECKER,F.Educação e Construção do Conhecimento,2ª ed.Porto Alegre:Artmed,2012
PIAGET,Jean:Seis Estudos de Psicologia.São Paulo.Forense Universitária,LTDA.17ª ed.,1990.
PIAGET.Jean.A Epistemologia Genética.Trad.Nathanael C.Caixeira.Petrópolis:Vozes,1971.



sábado, 2 de dezembro de 2017

                 SOBRE CROCODILOS E AVESTRUZES

                                                                                           Lígia Assunção Amaral




“DEFICIÊNCIA: Refere-se a uma perda ou anormalidade de estrutura ou função: Deficiências são relativas a toda a alteração do corpo ou da aparência física, de um órgão ou uma função, qualquer que seja a sua causa, em princípio deficiências significam perturbações no nível de órgão”   (OMS/SNR,1989)



                             
A luta das pessoas com deficiência por igualdade de direitos e contra o preconceito é algo marcante em nossa sociedade. Mesmo tendo uma trajetória histórica importante de busca por direitos e respeito, as dificuldades e preconceito sofrido por essas pessoas ainda é uma realidade. A leitura do texto Sobre Crocodilos e Avestruzes, da autora Lígia Assunção Amaral, traz reflexões relevantes sobre esta temática, sendo a autora uma estudiosa deste campo e também deficiente, relata como enxerga os mitos e preconceitos que cercam suas limitações.
Tudo já se inicia na infância, onde as diferenças são muito observadas, onde surgem os apelidos e as discriminações. As diferenças estão sempre presentes em todas as relações, diferenças de sexo,raça,preferências, que embora indicam dessemelhanças, não criam clima extremamente conflitivos,ao contrário do que a autora chama de “significamente diferente”,que são as diferenças ligadas as estatísticas,a caráter estrutural e ao cunho psicossocial,as comparações de o quanto todos nós nos aproximamos ou não do “tipo ideal”.
O texto traz a ideia de estigma,ou seja,uma marca,algo que nos representa fortemente no corpo,no comportamento ou nas nossas inserções tribais. Isso se torna o que os outros visualizam em nós,o que somos. A deficiência é um forte estigma,que faz com que a sociedade veja somente a deficiência,sem olhar para o deficiente,percebe somente a limitação ignorando suas qualidades e capacidades. Ainda temos a ideia da patologização de desvio,ou seja,um grupo que está totalmente fora do padrão de normalidade imposto pela sociedade.
Como representação deste cenário de mitos e preconceitos,a ideia de crocodilos em um calabouço de um castelo são todos estes mitos,preconceitos,estereótipos e estigmas que cercam as pessoas com deficiência.
Mas quando temos a reflexão positiva,a mudança de pensamento sobre as capacidades das pessoas deficientes e os avanços nas politícas publicas de inclusão,a socialização e inserção dos deficientes na sociedade é como se construíssemos  pontes movediças sobre estes calabouços repletos de crocodilos,como nos castelos medievais.
Os mitos que afligem as pessoas com deficiência são facilmente identificados e presentes em nosso cotidiano.Por exemplo,ao considerar alguém deficiente como parte de um grupo incapaz de tudo,”coitadinhos” que necessitam de ajuda é uma situação infelizmente comum,que a autora nomeia de generalização indevida.Ou então,o que ela trata como correção linear,que é quando a pessoa deficiente é avaliada por sua deficiência,como parte de um grupo de pessoas onde todas são incapazes de certas coisas ou todas capazes de outras,desconsiderando a individualidade de cada sujeito.Existem ainda pessoas que acreditam que as deficiências são contagiosas,que existe um contagio osmótico com a proximidade ás pessoas e além disso,existem as dificuldades naturais que as pessoas tem em se relacionar,interagir com as pessoas deficientes,por conta destes mitos e preconceitos e pelo desconhecimento em relação a certas deficiências,as barreiras atitudinais.
Assim como,as pessoas com deficiência sofrem com estes ‘crocodilos “ que a cercam,também existe a dificuldade,que nós,não deficientes temos na interação com elas.Assim identifica-se certos mecanismos de defesa utilizados pelas pessoas ao tratar de pessoas deficientes,e estes mecanismos também são sinais de preconceitos e mitos.Por exemplo,encarando a deficiência como algo inexistente,que não faz diferença(simulação),considerando a deficiência como algo que não é tão ruim assim (atenuação),ou usando as qualidades do sujeito para minimizar as limitações(compensação).Estes são os avestruzes,ou seja,as maneiras de enfiar a cabeça no solo,desvinculando-se da realidade.
Vinculando estas ideias a minha prática pedagógica e a minha caminhada docente,percebo que a autora vem ao encontro do cenário que se desenrola cotidianamente em nossas escolas,onde buscamos promover a inclusão das crianças que apresentam deficiências.Como educadores, de modo geral,tememos receber um aluno com necessidades educacionais especiais,pois sabemos que temos carência de formação e estrutura adequada em nossas escolas e o medo de “não dar conta” é uma triste realidade e acredito que o maior “crocodilo” nas Escolas.Ainda mantemos a teoria do “coitadismo” ao lidarmos com estes alunos,tratando-os de forma milindrada e superprotetora em relação aos demais e usamos discursos prontos que apontam para as compensações ou atenuações,dizendo que estão progredindo e que são capazes,quando no fundo temos a sensação de não ter sucesso no atendimento destas crianças.Temos que repensar a prática docente inclusiva,considerando a identidade e as reais necessidades da criança deficiente,que deve ser tratada de forma igualitária e respeitosa,de maneira a promover o seu desenvolvimento e habilidades dentro de suas capacidades.A formação docente adequada e a garantia de politicas publicas que proporcionem o ambiente adequado a estes alunos é extremamente necessário para que a educação de pessoas deficientes seja de qualidade e que seja possível a inclusão na Escola.

 INCAPACIDADE:Refere-se a restrição de atividades em decorrência de uma deficiência.Incapacidades refletem as consequencias das deficiências em termos de desempenho e atividade funcional do indivíduo,as incapacidades representam perturbações ao nível da própria pessoa.

DESVANTAGEM:Refere-se a condição social de prejuízo resultante da deficiência e/ou incapacidade;as desvantagens refletem pois a adaptação do indivíduo e a interação dele com seu meio.


Referência:
Diferenças e Preconceitos na Escola:Alternativas Teóricas e Práticas/Coordenação de Julio Groppa Aquino.-São Paulo:Summus,1998.


IMPORTANTE:A trajetória de lutas pelos direitos...Assista o vídeo!



sexta-feira, 24 de novembro de 2017

                    Refletindo a respeito do Preconceito Racial



 "A questão racial não é exclusiva dos negros.Ela é da população brasileira.Não adianta apoiar e fortalecer a identidade das crianças negras se a branca não repensar suas posições. Ninguém diz para o filho que deve discriminar o negro,mas a forma com que trata o empregado,as piadas,os ditos e outros gestos influem na educação."(CANDAU, 2003,p.29,30)

No sexto eixo do Curso de Graduação em Pedagogia,fomos provocadas a relatar situações de discriminação e preconceito,diversas formas de preconceito.A partir destes relatos,desenvolvemos um projeto de pesquisa e reflexão sobre as formas de preconceito presentes em nossa sociedade atual,Devido a situações vivenciadas pessoalmente,optei por relatar situações de racismo e pesquisar sua origem e diferentes manifestações,o que foi de grande valia as minhas aprendizagens e formação docente.

Infelizmente,o preconceito étnico racial é uma triste realidade na sociedade atual.Ser negro nos dias de hoje é um desafio a ser enfrentado e mais uma,entre tantas lutas sociais,que buscam o respeito e a igualdade.
A partir da situações de preconceito que aqui compartilhei, baseei minhas reflexões e pesquisas nos motivos  do preconceito,que pelo que podemos observar está culturalmente anexado a sociedade e sua trajetória.
O fato de a população negra ter sido escravizada pelo homem branco durante um absurdo período de nossa história, é ainda um fator que gera um olhar diferenciado em relação as pessoas negras e pardas,embora este período ter se finalizado há muito tempo e ser da concordância geral da sociedade que foi uma infelicidade,a população negra ainda é estigmatizada.
Assim,além do preconceito sofrido,os dados trazem a realidade de uma população que apresenta maiores defasagens em seu processo de escolarização,ingresso nas Universidades e consequentemente a ocupação de trabalhos inferiores e informais.
As lei de cotas vem favorecendo o ingresso da população negra ao nivel superior,que por sua vez tem avançado muito,mas ainda precisa ser ampliado,já que a educação é um instrumento de empoderamento social muito potente em nossa sociedade.
As pessoas de modo geral tendem a compreender cada pessoa como parte de um grupo social,vendo nele todos os estigmas e generalizações  formadoras do preconceito,devido a trajetória histórica e a situação social atual desta população.
Ter orgulho de sua história,sua cultura e sua formação social é um dever também daqueles que se sentem alvo de preconceito,sendo a sua postura instrumento de reflexão e mudança.
A valorização da cultura negra através das diversas ações educativas e sociais,as politicas públicas,o cumprimento das leis que favorecem a educação etico racial e protege a população negra da discriminação,a mudança de pensamento discriminatório,assim como uma reflexão geral de mudança social pode produzir  um pensamento democrático e não excludente,possibilitando a igualdade de direitos e de relações nesta sociedade,não só entre negros e brancos,mas entre todos.

CANDAU, Vera Lúcia. Somos todos iguais? Escola, discriminação e educação em direitos humanos.-Rio de Janeiro: DP&A, 2003.


VIVENCIANDO...

Atualmente,estou realizando um voluntariado nas turmas da Educação Integral do Ensino Fundamental.Nesta semana,onde se comemora o Dia Nacional da Consciência Negra,acompanhei as atividades realizadas pelas educadoras.Muito me chamou a atenção a aula de educação artística em que as crianças foram desafiadas a conhecer e a construir as bonecas Abayomi,cuja a história é um símbolo muito forte da cultura africana.Percebi o interesse dos alunos em realizar a atividade,as expressões assustadas ao falar sobra escravidão e muitas piadas sobre as bonecas ao final da aula,quando alguns alunos negros acusavam seus colegas de serem as bonecas por serem pretos.Fato muito triste,mas que permitiu a educadora ali presente uma intervenção impostante e necessária em relação a preconceito racial.Infelizmente,vivemos em uma sociedade em que muitas vezes o racismo é encarado como senso de humor,até pelas crianças,que certamente reproduzem o que a sociedade tristemente faz...

Texto pesquisado na web sobre as bonecas Abayomi....


Para acalentar seus filhos durante as terríveis viagens a bordo dos tumbeiros – navio de pequeno porte que realizava o transporte de escravos entre África e Brasil – as mães africanas rasgavam retalhos de suas saias e a partir deles criavam pequenas bonecas, feitas de tranças ou nós, que serviam como amuleto de proteção. As bonecas, símbolo de resistência, ficaram conhecidas como Abayomi, termo que significa ‘Encontro precioso’, em Iorubá, uma das maiores etnias do continente africano cuja população habita parte da Nigéria, Benin, Togo e Costa do Marfim.
Sem costura alguma (apenas nós ou tranças), as bonecas não possuem demarcação de olho, nariz nem boca, isso para favorecer o reconhecimento das múltiplas etnias africanas. Inspirado pela tradição dessa arte histórica, a artesã e arte-educadora Cláudia Muller desenvolveu um trabalho único, e, com o objetivo de evidenciar a memória e identidade popular do povo brasileiro, valorizando a diversidade cultural que reina na terra brasilis, criou o projeto Matintah Pereira. A iniciativa produz versões próprias das Abayomi e promove oficinas tanto para ensinar o processo de criação quanto para discutir a importância histórica e social entorno das bonecas.



sábado, 18 de novembro de 2017

                        Educação na e para a Diversidade

A diversidade é um tema emergente na Escola.Estamos vivendo em um tempo onde a ciência e a tecnologia se expandiram,onde a comunicação e a informação são fatores que movem a sociedade,mas o preconceito e a discriminação ainda são realidade triste dentro e fora da Escola.No texto "Educação na e para a Diversidade" das autoras Maria Elly Herz Genro e Célia Elizabete Caregnato,nos traz um relevante reflexão sobre as práticas docentes para a diversidade e a necessidade de promover uma educação voltada para a valorização da diversidade cultural.Relatam que a Escola e seus profissionais tem o compromisso ético de colocar em debate as diferenças,os assuntos e as abordagens contemporâneas,tendo em vista o fato de trabalharem com a formação do indivíduo para o convívio social.Trazem a ideia de a educação ser um direito social fundamental e também humano,tendo que promover o desenvolvimento humano.O texto aponta o uso das práticas sociais relativas a identidade e a convivência entre grupos,ampliação das práticas democráticas com a valorização de espaços públicos,aprimoramento das formas de convivência entre as pessoas no contexto das mudanças sociais,interpretando e agindo sobre as relações sociais e culturais.As autoras trazem como itens importantes de uma educação inclusiva a reciprocidade,a pluralidade,a experiência,a crítica e o bem viver.
"Os indivíduos não são estruturas rígidas,fixas,mas subjetividades individuais e coletivas marcadas e marcadoras dos diferentes tempos e espaços onde vivem"
Pontos importantes para um planejamento para a diversidade:
-O reconhecimento da diversidade cultural presente na comunidade escolar.
-O reconhecimento do contexto sócio cultural no qual a Escola está inserida,de forma a gerar situações significativas e envolventes no processo educativo.
-O envolvimento na luta pela garantia de acesso aos bens culturais e aos saberes das áreas de conhecimento para a comunidade escolar.
"Um processo educativo diálogico,reflexivo e transformador,pode possibilitar a participação dos sujeitos,o fortalecimento de uma subjetividade com capacidade intelectual e com sensibilidade para com o humano e com a natureza.Esta subjetividade cambiante e desejosa não pode ser uma mera executora de tarefas,de operacionalizações de processos,mas preciso pensar o sentido e consequencias das ações humanas."



    SUGESTÃO DE PLANEJAMENTO PARA A REFLEXÃO SOBRE A DIVERSIDADE:
                            
 Atualmente estou fazendo um voluntariado com os alunos do primeiro ao quinto ano do Ensino Fundamental das classes da Educação Integral de uma Escola Estadual em Porto Alegre. Percebo que existe, principalmente entre as meninas, uma disputa, e ao mesmo tempo certa discriminação em relação aos cabelos, roupas e calçados mais bonitos, unhas e materiais escolares, o que demonstra a necessidade de um trabalho voltado a valorização e identidade racial e social, entre outros fatores. Assim, pensei em oportunizar um momento de reflexão e conversa sobre o tema.

Música:

   Lourinha Bombril- Os Paralamas do Sucesso
Pára e repara
Olha como ela samba

Olha como ela brilha
Olha que maravilha

Essa crioula tem o olho azul
Essa lourinha tem cabelo bombril
Aquela índia tem sotaque do Sul
Essa mulata é da cor do Brasil

A cozinheira tá falando alemão
A princesinha tá falando no pé
A italiana cozinhando o feijão
A americana se encantou com Pelé

Häagen-dazs de mangaba
Chateau canela-preta
Cachaça made in Carmo dando a volta no planeta
Caboclo presidente
Trazendo a solução
Livro pra comida, prato pra educação

Reflexão e debate sobre os seguintes questionamentos:
1.O que tem em comum entre os personagens citados na letra desta música?
2.Esta música valoriza a todos os tipos de pessoas e raças?
3.O que é um cabelo Bombril? Esta comparação é certa?
4.Descreva como é fisicamente um brasileiro? Ele tem uma raça predominante?
Desenho de um personagem significativo
Registro de um painel com as falas significativas dos alunos em relação ao debate realizado.

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

                      A SOMBRA DESTA MANGUEIRA

                                                          Paulo Freire

DIALOGICIDADE

CURIOSIDADE EPISTEMOLÓGICA
 

“A atenção devida ao espaço escolar,enquanto contexto aberto ao exercício da curiosidade epistemológica,deveria ser preocupação de todo o projeto educativo sério” Paulo Freire,2000


Em A Sombra desta Mangueira,Paulo Freire coloca a relevância da dialogicidade e a curiosidade epistemológica como instrumento de construção de conhecimento científico e responsabilidade ética com a história e construção social.
O autor relata que a relação dialógica é prática fundamental para o conhecimento,permitindo,através da curiosidade, a aproximação com o objeto de aprendizagem.A dialogicidade é uma exigência da natureza humana e também um reclamo da opção democrática do educador.A comunicação e a informação são instrumentos de aprendizagem que encurtam o tempo e o espaço e nos tornam,dentro destas trocas,seres históricos.
A busca permanente pelo conhecimento vem da ideia de sabermos e pensarmos os alunos como seres inacabados na esperança do saber necessário,isto ,para Freire,é o centro do trabalho ou projeto docente.Ele diz que plantas são cultivadas,animais são adestrados,mas homens e mulheres se educam,trazendo assim a ideia de que o conhecimento não é mecânico,transmitido,treinado,mas vem a partir da curiosidade do sujeito sobre o objeto e sua aproximação com ele.
Paulo Freire relaciona esta capacidade humana de espantar-se,ser curioso,como fator motivador da busca pelo conhecimento.
Existe a necessidade de compreender para se explicar.A pergunta,expressão concreta de possibilidade de conhecer,é um valioso instrumento para se promover uma educação crítica,condenando a memorização mecânica dos conteúdos,uso de exercícios repetitivos que ultrapassam o limite razoável.Coloca até que a decoração,organização e recursos da sala de aula podem ser fatores motivadores das aprendizagens e das curiosidades epistemológicas.A própria vida cotidiana,exemplificada por Freire nesta obra,permeada de espontaneidade pode ter uma posição reflexo-crítica,transformando os conhecimentos comuns em conhecimentos científicos.Sem esta prática,deteriora-se a prática educativa progressista.
“O papel do educador progressista é desafiar a curiosidade ingênua do educando para,com ele,pratejar a criticidade”
“Os regimes autoritários são inimigos da curiosidade”
Ao s educadores diz ser necessário promover a dialogicidade de forma ética,sem tomar posição politica ou autoritária,mas promovendo o respeito mútuo entre os sujeitos,maturidade,aventura de espírito,segurança ao perguntar e seriedade em responder.Deve haver o clima de diálogo.
Infelizmente existe uma larga distância entre a prática educativa e o exercício da curiosidade epistemológica.
Nesta obra,o autor também nos leva a refletir sobre a formação e a situação politico-social do educador que afeta fortemente sua prática docente.A problemática dos salários,luta por direitos,por tratamento digno,exercício de formação autêntica,para assim ser exigido em sua prática com rigorosidade.
A partir da ideias de Paulo Freire é possível se refletir eticamente sobre a formação social e histórica de nossos alunos,sua formação crítica e nossa postura docente frente a responsabilidade na prática educativa.Formar alunos críticos e apoiar sua curiosidade ingênua,para promover a criticidade e a curiosidade epistemológica que produz conhecimento científico é um papel socialmente ético e que promove uma educação ética.



FREIRE,Paulo.A Sombra desta Mangueira;Ed. Olho D`Água.São Paulo,2000.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

                                          Desenvolvimento e Aprendizagem


“Construtivismo não é uma prática, ou um método; não é uma técnica de ensino nem uma forma de aprendizagem; não é um projeto escolar, é sim, uma teoria que permite (re) interpretar todas as coisas”     (Becker,2001,p.72)


O desenvolvimento da criança,assim como o seu processo de aprendizagem tem sido o foco de nossas reflexões neste eixo do curso.Pensar aprendizagem e de que maneira a criança aprende é o ponto forte para a formação docente e de como este professor conduzirá suas práticas pedagógicas.
No texto da professora Tania Beatriz Marques, Epistemologia Genética, a autora traz a definição dos estudos de Jean Piaget em relação a origem do conhecimento humano. A teoria piagetiana é interacionista, isto é, consiste em dizer que a aprendizagem se dá pela ação do sujeito com o objeto, a aprendizagem acontece pela experiência e as relações com o meio em que o sujeito está inserido. Neste contexto, analisamos o trabalho de Jean Piaget em pesquisar por muitos anos, pelo chamado Método Clinico, como se dá o pensamento das crianças sob os objetos de aprendizagem em cada etapa de desenvolvimento, o que gerou a Teoria do Desenvolvimento Humano e como o conhecimento se constrói para a criança. Os termos assimilação, acomodação, equilibração e adaptação aparecem como processos importantes que a criança percorre ao se desenvolver mentalmente, isto é ,a maneira em que ela incorpora elementos novos a elementos já existentes constituindo estruturas e esquemas de aprendizagem para que ela ocorra realmente. Esquema é o que é generalizável em uma ação e estrutura é a coordenação destes esquemas. A inteligência é a busca intencional de um meio para chegar a um fim. Neste texto são mencionados também, os estádios do desenvolvimento infantil, onde cada período é dotado de características especificas de pensamento infantil:
 Sensório motor: Periodo em que a inteligência é baseada em sensações e movimentos,a criança age de forma direta sobre a realidade,stabelendo as noções de objeto,espaço,tempo e causalidade.
Pré-operatório: Periodo do surgimento da capacidade de representação da realidade,egocentrismo e pensamento intuitivo.
Operatório Concreto: Surgimento da capacidade de reversibilidade do pensamento e de se colocar no lugar do outro.Surge as noções lógico-matemáticas e o conceito de número.
Operatório Formal: Trabalha com hipóteses e estabelece relações entre teorias. Há inversão nas relações real e possível. Pensamento hipotético dedutivo.
Um ponto importante desta leitura é a afirmação de que o conhecimento não é a copia da realidade, mas o resultado de um processo de construção, possível em função das estruturas cognitivas do sujeito. A partir daí traz a reflexão da ação do professor dentro deste processo, que deve ser ativo e de extrema importância na provocação das aprendizagens, propondo trabalhos em grupo, desafios, valorização do erro construtivo, auxiliando o processo de ação, oferecendo oportunidades de pensamento e questionamentos capazes de gerar conflitos necessários e de provocação do interesse do aluno.
Para sustentar as colocações acima mencionadas,o texto Desenvolvimento e Aprendizagem de Jean Piaget,confirma a ideia da construção do conhecimento,destacando a diferença entre o desenvolvimento e a aprendizagem. O desenvolvimento do conhecimento é um processo espontâneo,ligado ao processo global de embriogênese, não sendo uma cópia da realidade,mas fruto da ação sobre o objeto. A aprendizagem é baseada no esquema estimulo-resposta,o estimulo significativo que produz respostas,que serão subsídios para as próximas aprendizagens. A maturação,a experiência,a transmissão social e a equilibração aparecem aqui como processos importantes do desenvolvimento. A experiência lógico-matemática,que é a de ação e transformação sobre os objetos de aprendizagem se sobrepõe a simples experiência física. Neste texto fica muito evidente a necessidade do uso de material concreto nas atividades escolares,o que permitirá a construção de estruturas abstratas de aprendizagem.
Lino de Macedo,no texto O Construtivismo e sua Função Educacional,nos leva a refletir discutindo o que seriam as características do construtivismo e o que seria o não construtivismo. Ele reforça as ideias da aprendizagem oriunda das ações espontâneas e das construções cognitivas baseadas na interação do sujeito com o objeto.
No vídeo Introdução a Psicologia do Desenvolvimento, Yves de La Taille, esclarece que a psicologia do desenvolvimento é a área da psicologia que estuda a construção das competências ,habilidades de um sujeito ao longo do tempo. Jean Piaget coloca que as aprendizagens acontecem a partir da ação em interação com o meio,e que a partir da experiência a criança forma estruturas que se desequilibram a cada novo conhecimento,transformando-se. Assim,o sujeito passa por etapas de desenvolvimento,sempre partindo do concreto para o abstrato. Da mesma forma que acontece o amadurecimento biológico ,acontece a gênese psicológica,mas sempre modificada pela interação com o meio. Vigotski coloca que as relações culturais são de extrema importância para as aprendizagens,enquanto Wallon coloca a necessidade das emoções para que as interações sejam significativas e produzam construções mentais.
O professor Fernando Becker,no vídeo Aprendizagem e Conhecimento Escolar,reforça a ideia de que a aprendizagem é um processo espontâneo,não determinado,mas estimulado,não só relacionar o objeto,mas conhece-lo,entender sua criação e transformá-lo. O conhecimento que passa por estádios,tem a maturação como condição necessária para a aprendizagem,mas não única,pois deve haver o agir do sujeito,a experiência,a transmissão social e a equilibração. O objeto é tudo o que provoca,o que possibilita as aprendizagens,enquanto o sujeito é quem aprende.A cognição remonta as estruturas biológicas. A estrutura biológica se faz cognitiva em relação com o meio. A aprendizagem escolar aumenta a capacidade de aprender e não somente aumenta a informação. Aprender é aumentar nossa capacidade de transformar o mundo e por esta transformação,transformamos a nós mesmos.
José Antônio Castorina,dentro deste mesmo cenário,provoca a reflexão através de indagações como questionar a maneira que o aluno aprende e como estruturam e constroem o conhecimento. Resalta a relevância da pesquisa,da didática,aplicacionismo e o espontaneismo no desenvolvimento escolar. Conhecimento é um processo social e simultaneamente individual. Os conceitos e as experiências se relacionam com os saberes anteriores,a interação com o meio,através da formulação de problemas.
Assim,Fernando Becker,coloca brilhantemente que a Escola deve ser mais laboratório e menos auditório,isto é a experimentação e a interação com o meio e o objeto produzem as aprendizagens e desenvolvimento do individuo,mas infelizmente,as escolas tem sido auditórios, locais que o aluno ouve, assiste, copia, reproduz, imita.Onde deveria inventar,criar,experimentar,perguntar,observar.Aescola deve deixar de impor limites e deve ultrapassar os limites. O professor Fernando Becker coloca que o ser humano é o melhor de todos os animais,pois pensa,raciocina,fala,mas que a escola tradicional tem buscado domesticá-lo. O professor deve conhecer o processo de aprendizagem para atuar sobre as aprendizagens de seus alunos,o que está ligado a sua boa formação profissional.


         “A escola deve ser mais  laboratório e menos auditório.” (Fernando Becker)


                           Crianças Especiais


Existimos para darmos as Mãos

Há alguns anos, nas olímpiadas especiais de Seattle, nove participantes, todos com deficiência mental, alinharam-se para a largada da corrida de 100 metros rasos. Ao sinal, todos partiram, não exatamente em disparada, mas com vontade de dar o melhor de si, terminar a corrida e ganhar.
Um dos garotos tropeçou no asfalto, caiu e começou a chorar. Os outros ouviram o choro, diminuíram o passo e olharam para trás.
Então viraram e voltaram. Todos eles.
Uma das meninas com Síndrome de Down ajoelhou, deu um beijo no garoto e disse: - Pronto, agora vai sarar! E todos os nove competidores deram os braços e andaram juntos até a linha de chegada. O estádio inteiro levantou e os aplausos duraram muitos minutos...
Talvez os atletas fossem deficientes mentais....
Mas com certeza, não eram deficientes espirituais...
"Isso porque, lá no fundo, todos nós sabemos que o que importa nesta vida, mais do que ganhar sozinho é ajudar os outros a vencer, mesmo que isso signifique diminuir os nossos passos..."
Autor desconhecido


Neste sexto eixo do Curso de Graduação em Pedagogia,estamos explorando a educação das pessoas com necessidades educacionais especiais.As conversas,relatos,reflexões,estudo da história e das legislações vem ao encontro das dúvidas,ansiedades,angustias e desafios que temos como professores dos alunos especiais,e este momento de aprendizagem está sendo de grande valia para a formação docente,já que,em nossas escolas,recebemos e acolhemos a todos,independente das suas necessidades específicas,estrutura escolar ou formação docente.
Ao iniciar estes estudos,quero deixar aqui registrado como vejo a inclusão na Escola e minhas experiências pessoais,até para que ,mais adiante,eu possa perceber minhas aprendizagens a partir destes estudos.
Desde o início de minha caminhada docente,já tive contato com alunos portadores de necessidades educacionais especiais,geralmente crianças com sindrome de Down ou autistas.Infelizmente,no curso normal(magistério) não recebemos formação suficiente para o atendimento destas crianças,então se cuida,se brinca,se observa,se testa,se ama.
No ano de 2006,fui contratada por uma Escola de Ensino Fundamental para atuar como professora apoiadora de um aluno matriculado no primeiro ano,portador de sindrome de Down e autismo.Rodrigo acompanhava todas as atividades desenvolvidas por sua turma,porém necessitava de alguem que o auxiliasse de forma individual e o orientasse em relação a rotina,pertences,higiene pessoal e até para ir ao banheiro.Fez muitas evoluções,era muito esperto e carinhoso com todos,porém passou a ter atitudes extremamente agressivas,surtos e momentos de inquietação intensa.Foi encaminhado a Escola de Educação Especial.
Neste ano,na coordenação de uma Escola Infantil,pude acompanhar o desenvolvimento e as interações de dois alunos autistas.Percebi a dificuldade das educadoras em inseri-los no grupo,em adapta-los ao ambiente escolar,em atender suas demandas e lidar com as frustrações das suas famílias.
Em toda a minha caminhada como educadora pude acompanhar e me esforçar pela qualidade da educação destas crianças que passaram por minhas mãos,mas nunca consegui ter a sensação do dever cumprido.Talvez pela insuficiência de minha formação,pela estrutura da Escola,pela falta de melhores condições e politicas públicas inclusivas...não sei ao certo.Mas tenho o desejo de compreender e buscar maior capacitação para este atendimento e percebo a emergência na melhoria da qualidade da educação inclusiva em nossas Escolas.


                                     VIRTUALMENTE


A interdisciplina de Filosofia da Educação nos trouxe neste, eixo a importante reflexão sobre as relações interpessoais na sociedade atual,dentro e fora da Escola,e como a ética e a moral vem se desenhando dentro destas.É evidente que as relações,assim como a comunicação,vem se modificando ao longo da história e principalmente,a partir do advento da internet e do surgimento do uso maciço das redes sociais.
O escritor italiano,Umberto Eco,relata em uma de suas relevantes entrevistas,que as redes sociais fizeram com que os "idiotas" tivesses voz e suas obras "publicadas ao mundo.Ele quer assim afirmar,que antes,somente escritores e intelectuais tinham suas ideias abertas a todas as pessoas.Hoje em dia,nas redes sociais,qualquer pessoas,seja ela,preparada ou não para este fim,pode e lança suas ideias a todas as pessoas virtualmente.
Leandro Karnal afirma,que muitas mudanças vieram a partir destas relações de redes sociais,as amizades virtuais.A comunicação é instantânea e as informações também.
Algo muito importante de se ressaltar é que isto vem afirmar,o que já era afirmado por Zigmunt  Bauman, quando este traz estas relações quantitativas e não qualitativas como característica deste período social em que vivemos,que ele nomeia como Modernidade Líquida. Temos mais de mil amigos no Facebook,mas se formos parar para pensar,os amigos que realmente convivemos são muito poucos,e ainda fazemos e desfazemos as amizades de maneira mecânica,com um clique,sem ressentimentos,sem olho no olho.O que vale é a aparência,por mais problemas que possamos estar passando, a foto de perfil ou do status é sempre linda,e assim também surge a ideia de se acreditar no que esta se vendo ali,independente se é real ou não.
Surgem as fofocas virtuais,as competições e ostentações,a comunicação instantânea,a comunicação imediata,os compartilhamentos em massa e uma geração totalmente conectada,sempre.Surge um novo conceito de identidade,você é o que você posta!
E agora?que Escola é essa da geração virtual?Quem é o novo aluno e como deve ser ser este novo educador?
Não podemos estar estagnados no passado,mas não devemos deixar as relações interpessoais ,os valores,as trocas e a interação real se perder em mundo virtual.O professor que não utiliza estes novos recursos como aliados perdem muito,mas onde encontrar o equilibrio?
O resgate das relações e a novidade trazidas pelas novas formas de comunicação social devem ser instrumentos unidos para um bom planejamento e para que a educação continue transformando.