segunda-feira, 16 de julho de 2018

                          INOVAÇÕES PEDAGÓGICAS

"...Inovação não é uma simples renovação,pois implica uma ruptura com a situação vigente,mesmo que seja temporária ou parcial.Inovar faz supor trazer a realidade educativa algo efetivamente novo,ao invés de renovar que implica fazer aparecer algo sob um aspecto novo,não modificando o essencial"(CARDOSO,1992,p.1)

O texto de Maria Isabel da Cunha,Inovações Pedagógicas e Reconfigurações de Saberes no Ensinar e no Aprender na Universidade,traz uma forte reflexão com relação as mudanças sofridas ao longo do tempo na sociedade e os reflexos destas mudanças nos processos pedagógicos da escola. Pensar em que vivemos em uma sociedade que tem vivenciado diversas transformações ao longo do tempo,sejam elas econômicas,sociais,políticas,e principalmente,tecnológicas.Tudo mudou e se modernizou,e a tecnologia tem avançado e modificado o cotidiano de nossos estudantes.Vivemos o momento da tecnologia da comunicação e da informação,onde se encontra informações de forma muito fácil e rápida,onde tudo é muito fácil e urgente.Dentro deste processo nos deparamos com uma escola que segue ensinando com os mesmos materiais,os mesmos recursos e ,mais assustador,os mesmos objetivos da escola do passado.
Quando se fala em inovações pedagógicas,estamos falando em repensar as práticas,utilizar recursos mais modernos e mais dentro da realidade dos alunos e educar com sentido e significado,ou seja,traçar objetivos e modelar o olhar docente as reais necessidades deste aluno atual.
E um ponto muito importante desta discussão,é que não se trata de considerar toda a prática educativa que se tem vivido como "lixo",desconsiderando o que é essencial.Se trata de uma mudança de pensamento,de (re)criar recursos e técnicas de ensino,(re)pensar os objetivos e estratégias,adequando os recursos ao encontro das reais necessidades e habilidades de nossos estudantes,tanto com o uso de recursos tecnológicos,como de outros recursos,reorganizados por meio das reflexões sobre inovar a prática pedagógica.

"A inovação não se decreta.A inovação não se impõe.A inovação não é um produto.É um processo.Uma atitude.É uma maneira de ser e estar na educação."(NÓVOA apud CARDOSO,2003.p.14)

Fiquei muito emocionada ao assistir um vídeo onde crianças indianas tem seu primeiro contato com a tecnologia e o impacto que este fato causa em suas vidas e na comunidade em que vivem.O vídeo se chama O BURACO NO MURO e traz uma significativa reflexão sobre a importância de educá-las para a atualidade.

"Inovação pedagógica é o rompimento com um paradigma através do arcabouço teórico e dialógico fundamentados nas teorias que versam sobre saberes produzidos ao longo da história humana"(CUNHA,2004,p.8).

A autora nos traz ainda a reflexão de que temos,nós educadores,uma forma positivista da educação,onde tudo deve ter uma sequencia,uma ordem,com objetivos claros de preparação do aluno para algo ou um estágio seguinte,o que faz com que fiquemos engessados no sentido de repensar a prática pedagógica de forma a inovar a prática.

A inovação pedagógica tem algumas características claras de se apresentar em um processo educativo:
-Provoca uma ruptura na forma tradicional de ensino propondo mudança.
-Coloca o aluno como o protagonista das experiências de aprendizagem
-Reconfigura e equilibra a importância dos saberes popular e científico.
-Reorganiza a relação entre teoria e prática,compreendendo que são indissociáveis e caminham juntas.
-Inserção de novos recursos,materiais e técnicas de ensino e aprendizagem.

"A inovação pedagógica traz algo de "novo",ou seja,algo ainda não estreado;é uma mudança,mas intencional e bem evidente;Exige um esforço deliberado e conscientemente assumido;Requer uma ação persistente;Tenciona melhorar a prática educativa;O seu processo deve poder ser avaliado;Para poder se construir e se desenvolver,requer componentes integrados de pensamento e de ação"(CARDOSO,1992)







CUNHA,Maria Isabel da.Inovações Pedagógicas e Reconfigurações de Saberes no Ensinar e no Aprender na Universidade.VIII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais.Centros de Estudos Sociais,Faculdade de Economia,Universidade de Coimbra,Portugal,16 a 18 de setembro de 2004.

sexta-feira, 22 de junho de 2018

      PLANEJAMENTO:EM BUSCA DE CAMINHOS



É muito comun, ao falarmos de planejamento,principalmente nós que somos oriundas do curso normal,citarmos pontos essenciais como listagem de objetivos específicos e gerais,os procedimentos ou atividades,os processos de avaliação e a preocupação com os prazos que as escolas oferecem para que o professor apresente uma série de documentos que serão arquivados no setor pedagógico.Pensar em:o que queremos alcançar?A que distância estamos de tal objetivo?Que procedimentos usaremos para diminuir esta distância?Enfim,planejamento é um ponto de preocupação,de sucesso ou de fracasso do trabalho de um professor.
"Fazer planos é coisa provavelmente conhecida do homem,desde que ele se descobriu com capacidade de pensar antes de agir"(FERREIRA,1985,p.27).
"Planejamento é o processo constante através do qual a preparação,a realização e o acompanhamento se fundem,são indissociáveis"
Ao revisarmos uma ação planejada,estamos preparando uma nova ação num processo contínuo e ininterrupto.Ao pensarmos em planejamento,temos que termos como relevantes alguns procedimentos:
-Estabelecer referências,buscar as intencionalidades.
-Toda a ação pedagógica deve estar baseada em um pressuposto teórico,que explique as concepções.
-Pressupostos teóricos:definem procedimentos e estratégias metodológicas.São as fundamentações,os alicerces,as referências para a prática,representando as metas e os ideais.
-Princípios:Aproximação da prática aos ideais e vice-versa.Promovem a reflexão sobre a ação.
Eixos:Sociedade,homem,conhecimento,educação,aprendizagem,currículo,cultura.
-Utilidade social do currículo:Ação dentro da comunidade como pessoas autônomas,críticas,democráticas e solidárias.
-Currículo interdisciplinar
"é uma filosofia que requer convicção e,o que é mais importante,colaboração,nunca pode estar apoiada em coerções e imposições"(SANTOMÉ,1998,p.79)
Paulo Freire defende uma pedagogia da pergunta,da curiosidade,inversa a fragmentação,a imposição,ao depósito de conhecimentos,como consta em sua obra A Pedagogia da Autonomia.
"inacabados e conscientes do inacabamento,abertos á procura,curiosos,"programados",mas para aprender"(FREIRE,1997,p.65).
O Ensino Integrado são alternativas de ações pedagógicas que buscam criar condições e ambientes nos quais os alunos e alunas se vejam motivados para interagir,indagar e aprender.É necessário que os alunos sejam desafiados,questionados,exponham seus pontos de vista,façam conexões e estabeleçam as relações necessárias as aprendizagens.Também deve remeter ao panorama histórico,econômico,político,sociocultural,assim as críticas devem considerar esse contexto.
-CENTROS DE INTERESSE-Decrly
-PROJETOS-WILLIAM KILPATRICK(1871)
-PEDAGOGIA DO TRABALHO:CÉLESTIN FREINET(1896-1966)
-TEMAS GERADORES:PAULO FREIRE(1921-1997)
-REDE TEMÁTICA,TEMAS TRANVERSAIS
-TEMAS CULTURAIS(PCNS,TEMAS TRANSVERSAIS.
Elementos básicos para o esboço de um planejamento didático-pedagógico:
-Objetivos:o que e para que
-Justificativa:origem,um porque
-Temática:apresentação do eixo integrador
-Estratégias:Como
-Localização:onde,para quem
-Recursos:apoio,materiais,meios
-Avaliação:acompanhamento permanente,indicadores,critérios.
-Planos de aula e diários de classe são relevantes.


Referência: XAVIER, Maria Luisa M.; ZEN, Maria Isabel T. dalla. Planejamento em Destaque: Análises menos convencionais. 4. ed. Porto Alegre: Mediação, 2011.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Linguagem:Sistema de Representação com Características Próprias




Linguagem Fase Pré-Linguística):

-Choro diferenciado ou indiferenciado
-Gorjeio ou arrolho(u,u,u...a,a,a...)
-Balbucio(ba ba ba ...pa pa pa...)
-Ecolalia(imitação dos sons do adulto)
-Jargão Expressivo:Imita frases,mas sem sentido.

Linguagem Fase Linguística:
-Combinações de sons para se referir as palavras(apo...para dizer água)
-Usa palavra chave para expressar um pensamento inteiro,olofases (xixi...)
-Gestos,sinais,linguagem corporal para se expressar
-Imitação das frases adultas com sentido.
-No início de sua dialógica a criança usa falas simples,sem expressões gramaticais,fazendo uso de duas ou três palavras para expressar um sentimento ou informação.
-São capazes de fazer suas próprias lógicas através da compreensão da língua,como por exemplo "eu fazí"

A criança começa a desenvolver sua linguagem por meio das falas dos outros,imitação e interação com o mundo falante.Observa os sons e as palavras pronunciadas pelos adultos e nesta fase devem ser estimuladas através de questionamentos,brincadeiras,música,rimas e parlendas.
È importante observar se os bebês reagem aos sons do ambiente,percebendo assim a saúde auditiva e também de seu aparelho fonador.
A linguagem está significantemente ligada ao desenvolvimento da inteligência e a construção das aprendizagens.A linguagem participa de todos os processos cognitivos do ser humano,como o pensamento,a memória e a atenção.
Com as crianças menores o professor deve estimular a fala,através das músicas e atividades,não usando a fala "infantilizada" para a comunicação com eles.

Sugestões de atividades:
-Rodinhas
-Brincadeiras de roda
-Cartões com gravuras
-Questionamentos e registro de falas
-Histórias cantadas
-Musicalização de rotina
-Faz de conta
-Recontação de histórias
-Fantoches
-Acesso a livros com gravuras
-Varal de histórias
-Entrevistas na Escola.


Referências:
Vídeos sobre a Linguagem Infantil:


       GLOBALIZAÇÃO E INTERDISCIPLINARIEDADE

   
“Uma pessoa educada é a que assimilou, que interiorizou,  em suma, que aprendeu, o conjunto de conceitos, explicações, habilidade, práticas e valores que caracterizam uma determinada cultura, sendo capaz de interagir de forma adaptada com o ambiente físico e social no seio da mesma”(CALFEE,1981)


No texto de abertura, Hilton Japiassu nos fala da compartimentalização dos saberes e da importância do trabalho integrado. De que modo vocês relacionam estas questões com a “Fragmentação dos processos de produção (Taylorismo & Fordismo) e da cultura escolar” e “As novas necessidades das economias de produção flexível” expostas por Santomé?
Já no texto de abertura é possível refletir sobre a fragmentação dos saberes e como esta refletirá na constituição das aprendizagens do educando e por fim na formação cultural da sociedade de forma em geral. Na leitura referente a globalização e interdisciplinariedade  podemos vincular as ações sociais dos processos de produção com os mecanismos pedagógicos da educação, diferenciando as duas fortes correntes curriculares presentes na educação atual, por um lado aqueles que fundamentam com um resultado de um processo de desenvolvimento em grande parte interno da pessoa, e outro que concebem como o resultado de um processo de aprendizagem, em grande parte externo a pessoa, diferenciando assim as práticas pedagógicas que o embasam.
Quando pensamos em currículo temos que entender que ele tem como função principal criar uma identidade, subjetividade –opinião- conhecimento. Sua natureza epistemológica é social, não nos deixando esquecer o aspecto político. A finalidade primordial do currículo é promover o desenvolvimento o desenvolvimento do ser humano, a divergência está em como se dá este crescimento e quais ações pedagógicas promovem este crescimento. ”Um currículo é uma tentativa de comunicar os princípios e características essenciais de um propósito educativo, de tal forma que permaneça aberto a discussão crítica e possa ser efetivamente transladado á prática”(STENHOUSE,1984,p.29).
É certo dizer que o homem é um ser social, ou seja, culturalmente organizado. Por isso, a relação das movimentações sociais com os processos educativos.
Ao ler sobre o fordismo(método de produção idealizado por Henri Ford), não pudemos deixar de lado nossa reflexão sobre como as escolas, tentam derrubar o capitalismo há séculos e não conseguem, porque as mesmas dependem do capitalismo para tentar derrubar a ele. Se o fordismo era forte na época era por conta da própria sociedade, que em sua maioria o alimentava. No fordismo, temos o modelo de uma indústria de produção em massa, grande quantidade de produtos idênticos, onde cada operário deve fazer seus movimentos mecânicos de forma desvinculada do todo, sem muito esforço cognitivo e de relação com o meio ou seus pares. Essa é a ideia de um currículo baseado no aprorismo, ou seja, a aprendizagem subordina-se ao desenvolvimento, sem muita construção de aprendizagem ou interação.
Diferente de hoje que ainda lutamos contra o mundo capitalista, antigamente combater o capitalismo era ir contra um sistema ao qual não existia seres pensantes e sim massa de manobra.
Teorias críticas após um tempo foram criadas com base no Marxismo e escola e sociedade passaram a serem os culpados por esta onda de transformações, que atingia a indústria cultural, o ensino, a ideologia, reprodução cultural/social, poder, capitalismo; relações de trabalho da época.
Depois de um tempo surgiu as ideias pós-críticas, que a esses se davam em grupos sociais tornando-se assim a democracia uma maneira onde se obtinha na escola identidade, alteridade, o respeito as diferenças, a subjetividade e principalmente o saber, que era um poder negado a sociedade. Sujeitos que antes eram desinformados, passaram a buscar informações e com pensamentos reflexivos, que antes eram podados.
A teoria toyotista (método de produção idealizado por Taichi Ohno, dono da fábrica Toyta)de produção, traz a individualidade de seus produtos, a participação e contribuição de seus operários, buscando a qualidade e o “defeito zero” ou seja, pensando na qualidade geral do todo. Assim se concebe um currículo baseado na interação e na construção das aprendizagens por parte do indivíduo. Antes o que importava era o produto final (nota) e não o processo de produção (busca e processos de construção das aprendizagens). 



                PAULO FREIRE E A ALFABETIZAÇÃO

   
Paulo Freire coloca em Cartas para Cristina,pontos que ancoram,segundo ele,uma compreensão crítica da educação.
-Os alfabetizandos são sujeitos no e do processo de alfabetização.
-A alfabetização  é um ato de conhecimento,de criação e não de memorização mecânica.
-A alfabetização deve partir do universo vocabular,pois deste retiram-se os temas.
-Compreender a cultura enquanto criação humana,pois homens e mulheres podem mudar através de suas ações.
-O diálogo é o caminho norteador da práxis alfabetizadora.
-Leitura e escrita não se dicotomizam,ao contrário,se complementam e ,se combinadas,o processo de aprendizagem fará parceria com a riqueza da oralidade dos alfabetizandos.
Em 1958,aconteceu o II Congresso Nacional de Alfabetização de Adultos e de Adolescentes,para avaliar a Campanha de Educação de Adultos e Adolescentes organizada por Lourenço Filho.Nos relatórios deste congresso,Freire já assinalava que um trabalho educativo só podia ser feito se suas orientações se voltassem para a democracia,"se o processo de alfabetização de adultos não fosse sobre-verticalmente-ou para-assistencialmente-o homem,mas com homem,com os educandos e com a realidade(FREIRE,2006,p.124).
Freire traz a concepção de alfabetização-educação,ou seja,de que há duas possibilidades de ensino,uma,a partir de uma prática alienante e universalizante,outra,a partir de uma prática libertadora e dialógica,pois não há neutralidade em alfabetização-educação.
No livro A Importância do Ato de Ler,Freire retoma com muita clareza sua compreensão sobre o conceito de alfabetização,acentuando que seu caráter deve "ultrapassar os limites da pura decodificação de palavras escritas,pois a compreensão crítica do ato de ler se antecipa e se alonga na inteligência do mundo.A leitura do mundo precede a leitura da palavra,daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da leitura daquele.(FREIRE,1982,p.9)
Apreender o texto exige a apreensão das relações entre este e o contexto,por isso,a alfabetização é um "ato politico e um ato de conhecimento,por isso mesmo um ato criador,em que o alfabetizando é o sujeito e não o objeto da alfabetização".
Ensinar não é transmitir,mas estabelecer condições para sua construção,sendo que quanto mais crítico for este processo(ensinar e aprender)tanto mais se amplia a vontade de saber,a curiosidade epistemológica diante dos desafios do mundo.
Paulo Freire chama de movimento esta relação texto-contexto-texto e mundo-palavra-mundo,e diz que "a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura de mundo,mas por uma certa forma de escrevê-lo e reescrevê-lo".(FREIRE,1982,p.13).
No pensamento de Freire,a alfabetização é compreendida como ato criador,não pode ser vista como um simples processo de memorização mecânica das palavras e das "coisas mortas e semi-mortas",mas um processo que se encharca de atos de criação e de recriação.
O papel do educador deve ser o de "dialogar com o analfabeto" sobre situações concretas,por isso a alfabetização não pode acontecer de cima para baixo,nem de fora para dentro(FREIRE,1979,p.41)
Freire denomina de universo vocabular,carregados de experiência existencial,o conjunto das palavras geradoras oriundas da realidade dos educandos,dos grupos populares.Para ele,a alfabetização precisa ser compreendida como um conhecimento ampliador,pois alfabetizar-se "é participar,junto com outras pessoas,de um universo ampliado da própria curiosidade humana.Essa matriz dá consciência,junto com o conhecimento e o sofrimento"(BRANDÃO,2006,p.441)



Referências:

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A educação popular na escola cidadã. Rio de Janeiro:
Vozes, 2002.

FREIRE, Ana Maria Araújo. Paulo Freire - uma história de Vida. São Paulo: vilIa das
Letras, 2006.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo:
Cortez, 1982

FREIRE, Paulo. Cartas a Cristina. I. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.

Verbetes de Paulo Freire: Alfabetização.Liana da Silva Borges

quarta-feira, 20 de junho de 2018

             O CONTADOR DE HISTÓRIAS

 

O filme O Contador de Histórias,tem como personagem principal um menino negro,de classe social baixa,que após passar por diversos problemas familiares é colocado na FEBEM por sua mãe ,que acreditava que aquela instituição faria de seu filho alguém melhor,já que não tinha condições de educá-lo.O menino que sofre um processo cultural negativo,envolvido com meninos de rua e crianças revoltadas de sua realidade,torna-se arredio,rude,de linguagem e hábitos totalmente repulsos a sociedade.Ele encontra uma jornalista francesa,pedagoga,que decide fazer uma pesquisa sobre  sua vida e acaba influenciando este menino a conhecer uma  cultura diferente da sua,onde os conhecimentos,a linguagem e as relações sociais são colocadas a ele como processos de extrema importância ao desenvolvimento cultural e social das pessoas.Este menino estuda,cresce,muda suas relações sociais e culturais,tornando-se um professor e contador de histórias.Este menino,hoje escritor,encontra-se entre os dez maiores contadores de história do mundo,e o filme em questão conta sua trajetória.Vygotsky,em sua teoria sobre  a formação do pensamento e da linguagem da criança,sinaliza as relações com o meio como fator relevante neste processo, defende que a aquisição da inteligência da criança está vinculada aos fatores externos,isto é ,depende de suas relações sociais e culturais,sendo ele resultado de um processo sócio-histórico.
Assim,de acordo com a obra de ficção,estas relações de desestrutura familiar e vulnerabilidade social acabam por interferir negativamente na aprendizagem e na formação cultural da criança,ou seja,de acordo também com Vygotsky,a criança aprende interagindo com o seu meio e estabelecendo relações sociais e culturais se constroe como indivíduo. 


FILME:O Contador de Histórias.Drama.2009.Direção:Luiz Villaça.Warner  Home Video
VYGOTSKY,L.S.Pensamento e Linguagem.São Paulo.Martins Fontes.1991

Refletindo sobre...

 

Depoimento 1:
“Na infância tive uma vida escolar com dificuldades, então na adolescência não valorizei a escola como deveria abandonando os estudos antes da conclusão. Devido a situação financeira familiar, partí para o trabalho informal para ajudar meu pai no sustento da casa, pois neste momento não havia outra opção. Não voltei a Escola. Hoje percebo o quanto me prejudiquei com este afastamento, mas casado, com filhos e já fora da idade escolar, acredito que a EJA (Educação de Jovens e Adultos) é o ideal para retomar os meus estudos e qualificar minha vida profissional. Eu quero terminar os estudos para fazer um curso técnico ou até uma faculdade”
Mauro(*) xxxxx,38 anos

Depoimento 2:
“Eu fui estudar na Educação de Jovens e Adultos porque já estava muito atrasada nos estudos e com os filhos pequenos, não tinha como manter a Escola regular e precisava terminar rápido para melhorar meu salário, arranjar um emprego melhor. Trabalhava de dia e ia estudar a noite, as crianças ficavam com minha mãe e meu marido. As aulas eram bem legais, todo mundo envolvido, brincando bastante pra não pegar no sono. Mas aí acabei parando, uma pena, quero ver se consigo terminar o fundamental”
Patrícia(*) xxxx,37 anos
                  
                                                                                                                 (*)Nomes fictícios


A interdisciplina  Educação de Jovens e Adultos do eixo VII do Curso de Pedagogia PEAD/UFRGS,trouxe uma realidade diferente daquelas que vivemos no cotidiano escolar.Pelo menos a mim,que sempre trabalhei com as turmas de Educação infantil e anos iniciais,refletir sobre a educação e,principalmente sobre a educação de jovens e adultos é um desafio bastante pertinente a um educador que busca qualificar-se para as necessidades da educação atual.
A questão da educação de jovens e adultos é algo que remete a uma especificidade cultural de nossa sociedade,pois identifica a existência de estudantes,que por algum motivo foram privados de sua escolarização no período habitual,deixando não só de concluir sua escolarização,mas também tendo prejuízos pessoais importantes como sua formação profissional ou técnica, o que reflete em uma defasagem social significativa.Sendo assim,a educação de jovens e adultos torna-se uma questão de políticas públicas.
Se percebe que as pessoas nesta situação de não escolarização ou não conclusão de seus estudos se sentem excluidas socialmente,e almejam o conhecimento perdido,para terem melhor qualidade de vida e comunicação social.
A Educação de Jovens e Adultos,assim como outros níveis de educação,exigem um olhar atento por parte dos governantes,onde existam políticas públicas que garantem o funcionamento,oferta e qualidade de recursos e ensino nesta modalidade,além de um olhar atento e comprometido do educador,que deve conceber o aluno da EJA,como um cidadão participante da cultura e inúmeros conhecimentos,que devem ser valorizados e agregados aos seus conhecimentos,este aluno é um indivíduo que busca o saber e sabe o seu valor,sendo o professor um facilitador e motivador das aprendizagens,não de uma criança,mas de alguém com diferentes necessidades de ensino,abordagens e objetivos de trabalho.


"A cultura letrada não é invenção caprichosa do espírito; surge no momento em que a cultura, como reflexão de si mesma, consegue dizer-se a si mesma, de maneira definida, clara e permanente. [...] A essência humana existência-se, autodesvelando-se como história." (in FREIRE, 1994,p. 9)
                                          FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1994.

quinta-feira, 31 de maio de 2018

 


Para Vygotsky(1896-1934),o desenvolvimento do indivíduo se dá pelo seu processo sócio-histórico.Seus estudos dão grande enfase a linguagem na construção da inteligencia humano,que acontece,segundo ele,pela interação do sujeito com o meio em que está inserido.
O caráter histórico social dos processos psicológicos superiores é fundamento necessário e específico aos seres humanos.
O desenvolvimento cognitivo se dá pelo processo  de internalização da interação social com materiais fornecidos pela cultura.Por meio da interação social,o sujeito entrará em contato com elementos mediadores e também fará uso deles,surgindo assim os processos mentais.,ou funções psicológicas superiores(percepção,memória,pensamento,atenção,desenvolvimento na relação com o meio sociocultural,sendo esta relação mediada por signos).
O signos são os objetos de aprendizagem,ou seja,significante mais o seu significado,sendo um conjunto de signos,um sistema de aprendizagem,de origem social,compartilhados pela sociedade.

INTERNALIZAÇÃO:
Mecanismo que intervém no desenvolvimento das funções psicológicas complexas.É a reconstrução interna de uma operação externa e tem como base a linguagem.O plano interno,para Vygotsky,não preexiste,mas é constituído pelo processo de internalização,fundado nas ações,nas interações sociais e na linguagem.

MEDIAÇÃO:
É o processo de intervenção de um elemento intermediário numa relação:a relação deixa de ser direta e passa a ser mediada por esse elemento.

LINGUAGEM:
No processo de aquisição cultural,o papel mediador da linguagem é fundamental.A linguagem tem papel importante na formação do pensamento,compreendida na relação de síntese entre organismo e ambiente.A formação do pensamento e o desenvolvimento intelectual se dão de fora para dentro,num processo de internalização,não ocorrendo de forma passiva a recepção do conhecimento pelo sujeito.

APRENDIZAGEM:
A mediação dos signos e dos instrumentos é o que na teoria de Vygotsky propiciará a aprendizagem.A aprendizagem é produto da ação dos adultos que fazem a mediação no processo de aprendizagem das crianças.

ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL(ZDP):
"...A distância entre o nível de desenvolvimento real que se costuma determinar através da solução independente de problemas,e o nível de desenvolvimento potencial,determinado através da solução de problemas sob orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros capazes"
                                                                                                         (Vygotsky,1984,p.97)







            PIAGET E A AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM



Sobre as origens da linguagem e do pensamento não é falsa a alternativa do determinismo social ou do determinismo biológico. Para Piaget, em suas pesquisas de 1920, as conquistas conceituais realizadas pela criança são explicadas por ele em função da socialização linguística e de interações sociais. Já em 1930,em razão da descoberta das estruturas de conhecimento pré-verbais, assim como de novos mecanismos internos de formação(assimilação, coordenação de esquemas e etc), a explicação das origens da linguagem e do pensamento é buscada na interiorização do esquematismo sensório-motor, portanto, na atividade construtiva do sujeito.
O egocentrismo infantil, a objetividade e a construção de seu pensamento lógico estão estreitamente ligadas a linguagem socializada. A linguagem socializada é a linguagem cujos termos e conceitos são compartilhados por todos os membros de um grupo, o qual possui uma estrutura lógica. Segundo Piaget, a criança passa por um processo de características do seu pensamento egocêntrico, passando do pensamento egocêntrico ao pensamento lógico e da linguagem egocêntrica a linguagem lógica ou socializada.
Os fatores sociais e culturais são aqueles que promovem o desenvolvimento do pensamento.
A sucessão evolutiva do pensamento autístico individual, incomunicável) para o pensamento dirigido (socializado, orientado pela adaptação progressiva dos indivíduos uns com os outros).
O progresso é atribuído a ação do meio social e da linguagem.

“Basicamente, o desenvolvimento da fala interior depende de fatores externos, o desenvolvimento da lógica na criança, como os estudos de Piaget demonstram, é uma função direta de sua fala socializada. O crescimento intelectual da criança depende de seu domínio dos meios sociais do pensamento, isto é, da linguagem” (Vygotsky,1991,p.44)

Em toda a adaptação causal há um esforço de adaptação ao mundo exterior, um esforço de objetivação e de despersonalização do pensamento. A aquisição da linguagem e a interação social estariam explicando a evolução do pensamento e da linguagem.
A linguagem enquanto sistema de signos, implica significantes (gestos ou palavras articuladas) que se reportam a objetos mediados por conceitos ou pré-conceitos, os quais se apoiam, sobretudo, as fases iniciais, nas imagens mentais. A linguagem está ligada a constituição da capacidade humana de representar, isto é, de diferenciar significantes e significados, e por isso ao exercício da função simbólica. Piaget (1945),mostra que os primeiros esquemas verbais da criança refletem o uso da linguagem,  a qual se reporta a objetos anteriores assimilados em função dos esquemas sensórios-motores em via de interiorização ou de conceitualização.
A evolução da ação do indivíduo depende da evolução das relações  nas quais este se encontra inserido. Socializar significa compartilhar noções e signos com uma comunidade de falantes e ao mesmo tempo distingui-los das próprias idiossincrasias e dos pontos de vista particulares. Para Piaget, a tese maior para explicar a evolução do comportamento humano, incluídas a inteligência e a linguagem, é da continuidade com reconstrução das estruturas anteriormente adquiridas, isso não significa o abandono da necessária ação das relações sociais na formação do pensamento conceitual, permanece a explicação do pensamento em função das interações sociais.



PIAGET, J.A Formação do Símbolo na Criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. Rio de Janeiro:Guanabara,Koogan.1978
PIAGET, J. O Pensamento e a Linguagem na Criança. São Paulo: Martins Fontes.1999
VYGOTSKY. L. S . Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes.1991         



terça-feira, 22 de maio de 2018

              COMÊNIO: O PAI DA DIDÁTICA


 

"A proa e a popa de nossa didática será investigar e  descobrir o método seguro o qual os professores ensinam menos e os estudantes aprendem mais,nas escolas,haja menos barulho,menos enfado,menos trabalho inútil,e,ao contrário,haja mais recolhimento,mais atrativo e mais sólido progresso;Na cristandade,haja menos trevas,menos confusão,menos dissídios,e mais luz,mais ordem,mais paz e mais tranquilidade"
Didática Magna de Comênio,1657



Comênio foi considerado o pai da didática por pensar a educação de uma forma ampla e voltada a aprendizagem real,muito a frente dos educadores de seu tempo.A Didática Magna era um conjunto de reflexões e sugestões desde os objetivos gerais da educação(preparar para a vida eterna)até aspectos concretos do cotidiano escolar como comportamento do professor em relação aos seus alunos.A pedagogia comeniana tinha quatro fortes pilares:
-A consideração ao aluno:Respeitar a capacidade de compreensão do aluno,não sobrecarregar,progredir do fácil para o difícil,cuidar da motivação,preocupando-se com a integração e ludicidade.
-Ensino igual para todos.
-Realismo no ensino:experimentação e observação.
-Relação professor x aluno:a importância da afetividade.
A Didática comeniana foi uma expressão pedagógica de transição da Idade Média para a Idade Moderna,na essência constitutiva de sua arte de ensinar tem príncipios de um periodo e de outro.
A concepção do homem para Comênio baseava-se na ideia de um ser criado a imagem e semelhança de Deus e dependente dele,mas igualmente como ser que busca construir a sí mesmo,pelo seu trabalho,sem dependência direta de Deus.
Princípios didáticos:Conservador e Renovador.Por um lado,exposição docente do conteúdo,passividade dos alunos e por outro lado,como nova forma de ensino,traz a imitação da natureza,observação,experimentação,processos de artes mecânicas,métodos da nova forma de trabalho e das ciências,pensamento pedagógico progressivo.




COMÉNIO, João Amós. Didácta Magna: tratado da arte de ensinar tudo a todos. 4. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996. 525 p.

 SEMINÁRIO INTEGRADOR VII:

                                  QUE ESCOLA É ESSA??

Em uma reunião de professores juntamente com a equipe diretiva para discutir as dificuldades dos alunos que se manifesta nos índices oficiais de avaliação. No decorrer da reunião os professores se manifestam.

Professora Orquídea: “Estou frustrada, tenho perdido meus finais de semana preparando excelentes aulas. Na sala de aula faço boas exposições dos conteúdos e quando passo os exercícios os alunos não conseguem acertar nada, mesmo depois de ter repetido várias vezes a explicação.Acho que estes alunos de hoje não querem estudar,não dão a menor atenção para o que eu falo e só conversam.”
A fala desta educadora,comprometida com a educação de seus alunos,mas frustrada pelo não sucesso de seus processos de aprendizagem,nos remete a uma concepção empirista da educação.O professor tradicional acredita que ele,e somente ele, podem transmitir o conhecimento.Utiliza aulas expositivas,com o uso da linguagem diretiva como instrumento de aprendizagem,exercícios de repetição e compreende que o erro do aluno significa a sua não aprendizagem.A visão não construtivista do conhecimento valorizam a transmissão,sendo,por isso mesmo,a linguagem seu instrumento mais aprimoroso.Além de ser formalizada,isto é,o aluno deve responder exatamente aquilo que o professor quer ouvir,trabalha por paradigmas,numa visão ontológica das aprendizagens.”Em uma visão não construtivista a resposta e a mensagem do professor é o que interessa.Em uma visão construtivista é a pergunta ou situação problema que desencadeia as crianças”(MACEDO,1992).Antes, a criança era vista como um adulto em miniatura e a educação era transmitida dos mais velhos para os mais novos, por isso a ênfase na transmissão, na cópia e na linguagem.As repreensões de silêncio e o autoritarismo são a essência de uma sala de aula tradicional.Neste modelo,o professor é o centro de todo o processo pedagógico e o aluno,tabula rasa,incapaz de aprender por si só,é o depósito de seus conteúdos.

Professora Margarida: ”Eu também trabalhava assim, mas agora tenho trabalhado com desafios. Acho que os alunos aprendem mais. Eles resolvem individualmente e depois discutem com os colegas de grupo. Enquanto eles trabalham eu converso com eles, esclareço dúvidas e coloco os questionamentos. Como fechamento, discutimos as soluções que os grupos deram para os desafios”
A postura da professora Margarida,ao contrário da professora orquídea,nos revala uma concepção construtivista de educação, primeiro porque busca refletir sua prática docente e mudar buscando estratégias para melhoria de sua prática docente.”Educar exige reflexão crítica sobre a prática”(FREIRE,1996).
Ela sabe que a presença do professor como mediador, provocador e motivador dos processos de aprendizagem tem enorme importância,mas não esgota-se nele mesmo,prolonga-se no aluno.O aluno só construirá um conhecimento novo se ele agir e problematizar a própria ação e de seus mecanismos.O professor construtivista crê na aprendizagem através da interação com os outros e com o meio.Ele deve dominar muito bem os conhecimentos para discutir,gerar hipóteses e indagações,sistematizando todo o processo.

Professora Rosa: ”Eu também acho que o professor precisa escutar os seus alunos, saber quais são as dificuldades, quais são os interesses.Eles definem o que vai ser trabalhado em aula,eu nem me meto.Pode parecer bagunça,mas as crianças precisam de um ambiente que permita a expressão de sua criatividade”
A fala da professora Rosa nos leva a refletir sobre as concepções da escola democrática e seus desdobramentos. O professor está presente, porém responde dúvidas ou faz questionamentos quando consultado. Ele age como um mediador dos processos de aprendizagem de seus alunos,que são totalmente participativos na elaboração dos planos de aula e no desenvolvimento de seus processos de conhecimento.A escola democrática tem os alunos como atores centrais do sistema educacional,dessa forma,aprendem a ter iniciativa e em grupos de trabalho,exercitam a formação da cidadania.”A partir do diálogo enfatiza-se a reflexão,a investigação,a crítica,a análise,a interpretação e a reorganização do conhecimento”(FREIRE,1991).

Professor Cravo: ”Tem uma grande diferença do planejamento que utilizo na escola particular que eu trabalho. Os alunos daqui não tem condições de acompanhar! Se eu der tudo isso que trabalho lá,acabo reprovando a maioria.Daí tu já viu NE. Incomodação na certa!
Este professor não se vê como o modificador do ambiente de aprendizagem, nem como o transmissor de seu conhecimento. Baseia o seu trabalho na capacidade de seus alunos, centrando neles o processo educativo.Esta concepção denominada de apriorismo acredita que o aluno sabe ou não sabe e isso depende muitas vezes do meio social em que está inserido ou de sua condição biológica.”A maturação biológica é condição necessária ao desenvolvimento ,mas de modo algum suficiente”(PIAGET,1959,P.55).O aluno pelas suas ações prévias,determinam a ação- ou omissão- do professor.

Diretor Antúrio: Mas eu estou preocupado com o aumento da indisciplina na nossa escola. Na semana passada fui nas aulas de alguns professores-não vou citar nomes-e encontrei a maior bagunça.O professor precisa ter o controle da turma,ele fala e os alunos atendem.A escola sempre existiu para mostrar para as novas gerações o que se espera dela:dominar os conteúdos e ser disciplinado.Quem não concorda com isso deve procurar outra escola.
Infelizmente a gestão desta escola está longe de uma gestão democrática e participativa. O diretor demonstra em sua fala uma gestão ditadora e repressiva,bem diferente da organização de uma escola democrática que delibera em parceria com os seguimentos escolares e com colegiados.Essa fala nos remete ao passado trazido pelo texto Maquinaria Escolar,onde a educação acontece pela dominação repressiva das classes,onde a escola prepara não para o conhecimento,mas para a regulamentação e organização social,enclausurando e não permitindo o avanço cognitivo,pelo contrário,promovendo a dominação das classes.





BECKER, Fernando. Modelos pedagógicos e modelos epistemológicos. Educação e Realidade, Porto Alegre, p.89-96, 01 jun. 1994. Semestral. 19(1). Disponível em: . Acesso em: 10 abr. 2018.
TOSTO, Rosanei. Escolas Democráticas Utopias ou Realidade. Revista Pandora Brasil, ISSN 2175-3318. v. 4. 2011. Disponível em: . Acesso em: 10 abr. 2018.
 MACEDO, Lino de. O Construtivismo e sua função educacional. Educação e Realidade, Porto Alegre, p.25-31, 01 jun. 1993. 18(1). Disponível em: . Acesso em: 10 abr. 2018.
VARELA, Julia et al. A Maquinaria Escolar. Teoria & Educação, São Paulo, n. 6, p.68-96, 1992. Disponível em: . Acesso em: 10 abr. 2018.

              ESCOLAS MAIS QUE DEMOCRÁTICAS...


     "A pedagogia libertária espera que a escola exerça uma transformação na personalidade dos alunos,num sentido libertário e autogestionário" (LUCKESI,1994)

 


A pedagogia libertária caracteriza-se por abandonar a questão pedagógica diante de uma perspectiva baseada na liberdade e igualdade,eliminando as relações autoritárias presentes no modelo educacional atual.A ideia básica é introduzir modificações institucionais,a partir dos níveis subalternos que,em seguida vão "contaminando" todo o sistema.
A primeira experiência de Escola Democrática dentro deste conceito libertário,foi a Escola Sumerhill,fundada em 1921 pelo escocês Alexander Sutherland Neil na Inglaterra.No Brasil temos a Escola Amorim Lima e a Escola Presidente Campos Sales,ambas em São Paulo.
Mas a maior referência mundial é a Escola da Ponte,situada em Portugal,pelo educador José Pacheco.A Escola da Ponte defende que é indispensável alterar as práticas educacionais das escolas de maneira de maneira que haja muito mais contato humano fraternal,trabalhando sempre a autonomia de alunos e professores,estimulando o desenvolvimento da cidadania,da liberdade responsável e a solidariedade.Seu idealizador,o professor José Pacheco relata que é um equívoco a ideia de que se poderá construir uma sociedade de indivíduos personalizados,participantes e democráticos,enquanto a escolaridade for concebida como um mero adestramento cognitivo.

CARACTERÍSTICAS DO TRABALHO DESENVOLVIDO NESTAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO:
-Democracia participativa:direitos de participação iguais para estudantes,professores e funcionários.Dewey defendia a democracia não só no campo institucional,mas também no interior das escolas.
-Alunos escolhem o que querem fazer com seu tempo.Não existe uma obrigatoriedade de frequentar as aulas,os alunos são livres para escolher as atividades que desejam realizar,aprendendo desta forma a ter iniciativa.São responsáveis pela formação e cumprimento das regras a serem seguidas para o bom funcionamento da Escola,são incentivados a buscar o conhecimento a partir de seu interesse,iniciativa e ritmo.
-Não existem cobranças ou atitudes autoritárias.
-Conteúdos próximos ao nivel cognitivo dos estudantes.
-Grupos não determinados pela faixa etária.
-O professor está presente para esclarecimento de dúvidas e orientações,sempre que for consultado.
-Regime livre-educação:Adquire a responsabilidade de seguir o cronograma que ele mesmo se impôs a fazer,desenvolvendo a autonomia e controle pessoal,concientizando-se dos direitos e deveres(cidadania).
-Avaliação de forma continuada e auto-avaliação.
"A avaliação é inclusiva porque o estudante vai ser ajudado a dar um passo a frente.Essa concepção político-pedagógico é para todos os alunos e por outro lado é um ato dialógico,que implica necessariamente uma negociação entre o professor e o estudante"(LUCKESI,2006).
-Planos de aula(oque pretendem saber e como proceder)
-Relatório de descobertas
-Assembleias de alunos,educadores e comunidade escolar em geral para discussão e resolução de problemas.
"A partir do diálogo enfatiza-se a reflexão,a investigação crítica,a análise,a interpretação e a reorganização do conhecimento"(FREIRE,1991).

Na Escola democrática o professor deixa de ser o transmissor ou autoridade para tornar-se o mediador e o facilitador do descobrimento.Atuam como orientadores e esclarecedores de dúvidas.Existe parceria entre professor e aluno.Alunos devem entender o porquê e para quê estudar.

                                    
REPORTAGEM SOBRE A ESCOLA DA PONTE(Programa Fantástico-Rede Globo)




 TOSTO, Rosanei. Escolas Democráticas Utopias ou Realidade. Revista Pandora BrasilISSN 2175-3318. v. 4. 2011. Disponível em: <http://docplayer.com.br/7270548-Escolas-democraticas-utopia-ou-realidade.html>. Acesso em: 10 abr. 2018.