segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

                            VAMOS BRINCAR DE QUÊ?




                   "O PARAÍSO MORA DENTRO DE UMA CAIXA DE BRINQUEDOS" (RUBEM ALVES) 



Durante minha caminhada docente,nas turmas de Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental sempre observei e me interessei pelas brincadeiras.Durante o Curso Normal,o magistério,e agora na Graduação em Pedagogia na UFRGS,o interesse pelas brincadeiras infantis se manteve,inclusive,neste último momento confrontando minha prática docente com os conhecimentos teóricos e o importante referencial que fazem da ludicidade uma ferramenta essencial para as aprendizagens,a socialização e o desenvolvimento infantil,de forma geral.

Muitos foram os momentos em que pude refletir as questões pertinentes a ludicidade,registrando neste portfólio e em outros ambientes virtuais do PEAD,diversas reflexões e as reconstruções docentes que vivenciei,com o intuíto de observar as brincadeiras e propor atividades que viessem ao encontro do citado tema,reconhecendo sua importância para os processos de aprendizagem.

O RCNEI (1998) defende o brincar como uma atividade necessária na vida escolar, por possibilitar às crianças momentos de experiências e novas descobertas. Brincar é uma das atividades essenciais para o desenvolvimento da identidade e autonomia. “O fato de a criança, desde muito cedo, se comunicar por meio de gestos, sons e, mais tarde, representar determinado papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação”. (RCNEI, 1998, p.22). A brincadeira ocorre por meio da articulação entre a imaginação e a imitação da realidade, e é uma imitação transformada no plano das ideias e de uma realidade anteriormente vivenciada. 

No ano de 2016,a interdisciplina Ludicidade e Educação resgatou as vivências e as experiências do brincar,nos oferecendo referenciais sólidos de reflexão e provocando em nós  um refazer docente por uma pedagogia da ludicidade,tendo em vista sua valia na Educação.Tivemos como primeira tarefa,pensar o porquê do brincar,livre de pesquisas ou teorias,trazer a concepção sobre os jogos e brincadeiras na Escola.Revisitei minha resposta do dia vinte e quatro de abril de 2016:

"Das teorias que temos visto nesta interdisciplina sobre a importância do brincar,acredito que Jean Piaget traz o jogo simbólico como o modo mais próximo de uma definição do brincar.Brincar para aprender,conhecer o meio em que vive pela manipulação de objetos(brinquedos)se relacionando com o mundo.A criança que imita o adulto e as situações do cotidiano está representando o que vive,dramatizando seus desejos ou até dominando situações que para ela são dolorosas.Brincar para se expressar!"

 

Com certeza,as reflexões trazidas por tais reflexões tiveram um impacto significativo sobre o meu fazer docente,pois desde então,passei a olhar a brincadeira das crianças e as propostas educativas lúdicas como essenciais para as construções das aprendizagens das crianças.

Para Piaget (2011), pode-se dizer que a origem do pensamento deve ser procurada por meio da função simbólica, mas ressalta que a função simbólica pode ser explicada pela formação de representações. Deste modo, “a formação da função simbólica,ao contrário, consiste em diferenciar os significantes dos significados, de modo que os primeiros permitam a evocação da representação dos segundos” (PIAGET, 2011, p.79).
                                                                           

No período de Estagio Curricular Obrigatório,ao pensar o planejamento,em uma turema de Maternal II Educação Infantil,eu já sabia que a ludicidade seria um instrumento valioso para este momento de atuação docente.
As aprendizagens da criança na educação infantil e todo o seu desenvolvimento está relacionado ao ato da brincadeira, do simbolismo e das relações que ela estabelece com o meio em que está inserido e com os outros.Assim sendo, meu trabalho durante o período de estágio na educação infantil foi voltado para a ludicidade, construção dos conhecimentos através das brincadeiras e experiências de aprendizagem, estimulação da oralidade, movimento e convivência com seus pares por meio das brincadeiras, musicalização, histórias, fábulas e expressões diversas das aprendizagens. 


"O aprendizado é um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas"(Vygotsky,2008,p.103). De acordo com Piaget (2003) o caráter educativo do brincar é visto como uma atividade formativa, que pressupõe o desenvolvimento integral do sujeito, quer seja na sua capacidade física, intelectual e moral, como também a constituição da individualidade, a formação do caráter e da personalidade de cada um."

Sendo assim, os princípios que nortearam o meu estágio, se vincularam a reconhecer a criança como um sujeito capaz de construir suas aprendizagens e desenvolver-se por meio da interação e das relações inter-pessoais, através da ludicidade, construção da identidade e formação cultural, priorizando o desenvolvimento e a autonomia.

Percebo que a ludicidade, manifesta não só nos jogos e brincadeiras, como também, na contação de histórias, fábulas, versos e cantigas de roda ,influenciaram de forma muito intensa as construções cognitivas das crianças e também possibilitam que estas convivam mais entre si, estreitando vínculos sociais e fazendo trocas de informações e saberes que contribuem para as construções cognitivas.




BRASIL. Referenciais curriculares para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF,1998.
PIAGET,Jean.Seis estudos de Piaget. Tradução: Maria Alice Magalhães D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 25ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2011. 
PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. Tradução Maria Alice Magalhães D´ Amorim e Paulo Sergio Lima Silva. 24 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003.
 VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. 6. ed., São Paulo: Livraria Martins Fontes, 1998.

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