domingo, 30 de junho de 2019


O SIMBOLISMO DO BRINCAR:ESTÁDIO PRÉ -OPERATÓRIO



                 TRECHO RETIRADO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Na idade dos dois ao sete anos a criança encontra-se em um período marcado pela expressão e representação de tudo o que vive ou o que deseja viver através de suas brincadeiras,isto é,ela imita ou simboliza seus pensamentos e os manifesta através do brincar,é o que Piaget (1969) denomina de jogo simbólico.
A função desse tipo de atividade lúdica, segundo Piaget, (1969, p. 29) consiste em satisfazer o eu por meio de uma transformação do real em função dos desejos: "a criança que brinca de boneca refaz sua própria vida, corrigindo-a a sua maneira, e revive todos os prazeres e conflitos, resolvendo-os, ou seja, completando a realidade através da ficção".
Na primeira infância de dois a sete anos tem o aparecimento da linguagem, em que as crianças entraram em contato com a socialização, pensamento e intuição. É na brincadeira do jogo simbólico despertaram a comunicação com outras crianças e adultos. Para Piaget (2003, p. 28-29):
“É fácil dar-se conta de que estes jogos simbólicos constituem uma atividade real do pensamento, embora essencialmente egocêntrica, ou melhor, duplamente egocêntrica. Sua função consiste em satisfazer o eu por meio de uma transformação do real em função dos desejos: a criança que brinca de boneca refaz sua própria vida, corrigindo-a à sua maneira, e revive todos os prazeres ou conflitos, resolvendo-os, compensando-os, ou seja, completando a realidade através da ficção.”
Segundo Cunha (2007) no jogo simbólico as crianças constroem uma relação entre a fantasia e a realidade. Na fantasia elas desfrutam da imaginação para fazerem representações de papéis, fantasiar, imitar, e em relação à realidade são capazes de acordo com situações de dificuldades que vivem despertarem em suas brincadeiras, por exemplo, uma criança que no seu ambiente familiar vê seu pai batendo na sua mãe, ela vai interiorizar esses conflitos em seus gestos, pois do mesmo jeito que as crianças sabem imitar fantasiando, elas reproduzem o que veem em sua realidade.

“A brincadeira simbólica leva à construção pela criança de um mundo ilusório, de situações imaginárias onde objetos são usados como substitutos de outros, conforme a criança os emprega com gestos e falas adequadas. Nessa situação a criança reexamina as regras embutidas nos atos sociais, as regulações culturais que fazem que a mãe seja quem fica em casa enquanto o pai sai para o trabalho em certos grupos sociais, por exemplo. Isso ocorre conforme a criança experimenta vários papéis no brincar e pode verificar as consequências por agir de um ou de outro modo. Com isso internaliza regras de conduta, desenvolvendo o sistema de valores que irá orientar seu comportamento.”(OLIVEIRA,2002,p.55)

       TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS COM AS FAMÍLIAS DO MATERNAL II
Ao iniciar a  pesquisa com o grupo do Maternal II foi considerado importante realizar uma entrevista junto às famílias das crianças com o objetivo de compreender como se dava as relações de ludicidade no ambiente familiar,ou seja,como,onde e de que estes sujeitos brincavam fora da Escola,a fim de analisar os efeitos destas relações nas brincadeiras escolares.

ALUNO (3 ANOS)
BRINCADEIRA FAVORITA EM CASA
PASSEIOS COM A FAMÍLIA
ME
bonecas/tablet
Casa dos avós
MC
Celular/bonecas
Pracinha,casa dos avós
LC
dvd/panelinhas
Pracinha/Redenção
LR
Amoeba/tablet
Casa dos avós
MB
Polly/Baby Live
Pracinha do prédio
L
Carrinho/celular
Gasômetro/Megazone
PL
Tablet/Legos
Praia/Casa da vó
MN
Hot Wells/Celular
Casa da vó/shopping
LR
Bola/carrinhos
Pracinha condomínio
G
Bonecos heróis/desenhos  tv
Club/pracinha



                    REGISTRO DE FALAS ESPONTÂNEAS DAS CRIANÇAS
Dentro do diário de bordo,o registro da professora estagiária,algumas falas espontâneas das crianças foram registradas,por serem relevantes dentro da temática da ludicidade,ou seja,falas que permitem a reflexão do professor sobre as necessidades,interações e desenvolvimento infantil no cenário dos jogos e brincadeiras em sala de aula:

          CONTEXTO/SITUAÇÃO
           FALA ESPONTÂNEA
Para organizar a turma para a rodinha,a professora solicita ao grupo que guardem os brinquedos.Um aluno se nega e a professora pede que ele ajude os amigos.
“Eu não sabe guardar o brinquedo prof!”
                            PL,3 anos
Após perceber que as alunas despem as bonecas e depois não colocam a roupinha,a professora pede que brinquem sem tirar a roupa das bonecas.
“E como as nenês vão tomar banho?”
                        ME,3 anos
No momento do brinquedo de casa,a professora conversa com o grupo para que compartilhem o brinquedo com o colega,a aluna abraça o brinquedo e faz cara de choro.
“Meu brinquedo é meu porque eu gosto”
                         MC,3 anos
Em uma atividade de modelagem, cantamos e falamos sobre os animais. A professora sugere que as crianças façam com a massinha seus animais prediletos.
“A massinha é pequena e eu quero fazer bolinha grande”
                          LC,3  anos
Na atividade painel coletivo,onde as crianças pintavam com as mãos,todos estavam empolgados,um dos alunos se expressa.
“Mais tinta prof...quero toda a tinta do teu pote”
                          L,3 anos
A aluna mordeu uma colega.A professora diz que ela ficará sentadinha sem brincar,enquanto pensa no que fez.Esta olha para os brinquedos e diz...
“Calma bonecas...não dá bola pra prof!”
                          ME,3 anos
                         
O aluno estava brincando de carrinho,de forma agressiva,por vezes acertava os carrinhos nos colegas...
“Pá!pá!Eu gosto de carro que bate assim...pá!
                     MN,3 anos


sábado, 29 de junho de 2019

                     O BRINCAR DE VYGOTSKY


O brinquedo é considerado por Vygotsky (1991, p.106118) como o principal meio de desenvolvimento cultural da criança. Experiências sociais e culturais são incorporadas pela criança através do brinquedo. Fazendo uso da imaginação a criança pode transformar os objetos e as formas de comportamento produzido e disponibilizado em seu ambiente específico
A criança desenvolve-se, essencialmente, através da atividade de brinquedo. Somente neste sentido o brinquedo pode ser considerado uma atividade condutora que determina o desenvolvimento de uma criança. (VIGOTSKY, 2000, p.135)
Lev Vygotsky (1978) acreditava que o brincar fornece às crianças um importante sistema de suporte mental, que lhes permite pensar e agir de diferentes maneiras. Ele enfatizava que a natureza do brincar simbólico é muito importante para o desenvolvimento infantil. Em sua concepção, as situações imaginárias criadas durante o brincar seriam zonas de desenvolvimento proximal, que operam com sistemas de suporte mental. De acordo com esta interpretação, a natureza de faz-de-conta ("como se fosse") do brincar social e o envolvimento ativo de outras crianças ,permite a cada criança a possibilidade de agir em níveis mais avançados do que fariam se brincassem sozinhas.
“No início da idade pré-escolar, quando surgem os desejos que não podem ser imediatamente satisfeitos ou esquecidos, e permanece ainda a característica do estágio precedente de uma tendência para satisfação imediata desses desejos, o comportamento da criança muda. Para resolver essa tensão, a criança em idade pré-escolar envolve-se em um mundo ilusório e imaginário onde os desejos não realizáveis podem ser realizados, e esse mundo é o que chamamos de brinquedo” (VIGOTSKY, 2000, p.122)
Para Vygostky (1989), na situação de brincadeira a criança se projeta nas atividades adultas de sua cultura e ensaia seus futuros papéis e valores. Ela começa a adquirir a motivação, as habilidades e as atitudes necessárias para sua participação social, que só pode ser completamente atingida com a interação dos companheiros da mesma idade. Nesse sentido, as brincadeiras usadas na situação escolar podem criar condições para a criança avançar no seu desenvolvimento cognitivo, porém elas precisam ser cuidadosamente planejadas pelo professor. 



VIGOTSKY , L. A. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2000

       O BRINCAR E A AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM







Assim como através das interações e relações que a criança faz com o meio e com os outros,a construção das aprendizagens acontecem,da mesma forma surge a linguagem.O brincar,atividade natural da criança,possibilita a ela comunicar-se com o mundo,estabelecendo relações e construindo aprendizagens.
É evidente que a linguagem é resultado do desenvolvimento do pensamento infantil associado a comunicação,ou seja,as trocas e interações das crianças com outras crianças e com o meio em que está inserida.
Mas, ao lado da linguagem, a criança pequena- menos socializada que a de 7-8 anos e sobretudo que o próprio adulto -tem necessidade de outro sistema de significantes, mais individual e mais motivado: os símbolos, cujas formas mais corrente na criança pequena se encontram no jogo simbólico ou de imaginação..., o jogo simbólico aparece mais ou menos ao mesmo tempo da linguagem. (PIAGET, 2011, p.77)
O brincar permite que a criança se expresse, se comunique e estabeleça relações importantes que permitem o seu desenvolvimento cognitivo e o exercício de sua expressão oral, como percebido no citado grupo, que ao ser estimulado no seu brincar, também passa a interagir mais com seus pares,consequentemente,expressando-se de forma mais intensa,e buscando se comunicar,qualifica sua fala.
“É no significado da palavra que o pensamento e a linguagem se unem em pensamento verbal.É no significado então,que podemos encontrar respostas às nossas questões sobre a relação entre o pensamento e a fala.”(VIGOTSKY,2005,p.5).
Dentro deste processo,se destaca as aprendizagens referentes à aquisição da linguagem das crianças.Crianças que demonstravam timidez ao falar,pobre vocabulário ou ainda,algumas crianças com a fala bem infantilizada,foram provocadas pelas práticas desenvolvidas a evoluir em sua fala.As crianças com a fala mais estruturadas influenciaram de forma muito positiva as outras crianças neste processo.
 A troca e a comunicação entre os indivíduos são a conseqüência mais evidente do aparecimento da linguagem. Sem dúvida, essas relações interindividuais existem em germe desde a segunda metade do primeiro ano, graças a imitação, cujos progressos estão em íntima conexão com o desenvolvimento senso-motor.(PIAGET, 1999, p.25)
Ao comparar a ideia de aquisição da linguagem e construção do pensamento infantil, a partir das pesquisas de Piaget e Vygotsky, se percebe pontos de concordância importantes, como a importância da linguagem na inteligência infantil e a sua construção a partir de suas interações sociais. Ambos autores defendem que a criança constrói suas aprendizagens a partir das interações e reconstroem conforme novas interações sociais e culturais ao contato com o objeto de aprendizagem, ou seja, o signo ao qual se depara e o meio ao qual está inserida
Vygotsky (1996, p.4344) destaca a fala, que organiza a ação e o pensamento da criança. Sendo a comunicação e o contato social as funções principais da fala, ela se apresenta inicialmente enquanto fala social, numa relação interpessoal com manifestação unicamente externa.








PIAGET, Jean. Seis estudos de Psicologia. 21ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995. MOREIRA, Marco A. Teorias da Aprendizagem. São Paulo, EPU, 1999 

 PIAGET, Jean. Para onde vai a educação. 20. ed“Rio de Janeiro: José Olympio, 2011.
VYGOTSKY. Pensamento e linguagem. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem: Um Estado Experimental de Formação de Conceitos . 3ª ed. São Paulo,2005


              CRIANÇA SEMPRE CRIATIVA!

 
Com olhos de Criança,Francesco Tonucci (1981)

A criatividade é algo natural da criança.Ela busca através de das brincadeiras e de suas expressões ou processos criativos representar o mundo a sua volta e tudo aquilo que gosta ou faz parte de sua individualidade.
Infelizmente, buscando ensinar a criança nas suas expressões,ou seja,modelagens,desenhos e criações,o adulto tende a impedis a livre expressão da mesma.

Ao afirmar que “o que se pretende, para o futuro, é moldar indivíduos capazes de produzir ou de criar, e não apenas de repetir”, Piaget (2011, p. 27) está fortalecendo a ideia de que toda a criança,ou seja,todas as pessoas são criativas e capazes de criar e fazer coisas lindas,dentro de suas habilidades e vivências.
É importante dar liberdade a criação das crianças,elaborar planejamentos embasados na livre expressão,na observação do meio em que a criança vive e na pesquisa e investigação daquilo que ela demonstra curiosidade.A oferta de materiais diversificados,a preparação de ambientes provocadores da criatividade e curiosidade e a motivação do professor,fazem a diferença na construção da autonomia e ampliação das capacidades da criança.
É importante que o professor não obrigue a criança a seguir modelos ou faça com que todo o grupo produza atividades iguais,pois existe também a necessidade infantil da construção da identidade.
Na charge acima,temos o exemplo de atividades que frustram a criatividade infantil.
O professor mediador e motivador das aprendizagens,devem valorizar e incentivas as diferentes criações de seus alunos.




 PIAGET, Jean. Para onde vai a educação. 20. ed“Rio de Janeiro: José Olympio, 2011.


                  

        INOVAÇÕES PEDAGÓGICAS II   💜😍😝😃😥



"...Inovação não é uma simples renovação,pois implica uma ruptura com a situação vigente,mesmo que seja temporária ou parcial.Inovar faz supor trazer a realidade educativa algo efetivamente novo,ao invés de renovar que implica fazer aparecer algo sob um aspecto novo,não modificando o essencial"(CARDOSO,1992,p.1)


Revisitando o eixo VII do Curso de Graduação em Pedagogia pude rever as pertinentes reflexões feitas sobre as inovações pedagógicas trazidas pela autora
Maria Isabel da Cunha,no texto Inovações Pedagógicas e Reconfigurações de Saberes no Ensinar e no Aprender na Universidade.
É extremamente necessário que a Escola busque qualificar e inovar os recursos utilizados e o professor por sua vez,contemplar em seu planejamento práticas modernas e criativas,adequando-se ao avanço tecnológico e científico que vivenciamos.
Os alunos chegam a Escola trazendo uma grande quantidade de informações e novos recursos que chamam sua atenção e provocam curiosidade.A Escola muitas vezes,utiliza sempre os mesmos recursos e materiais,tornando enfadonhas e desinteressantes as aulas,o que prejudica as aprendizagens das crianças e suas relações com os objetos de aprendizagem.
Estas reflexões já me causaram fortes reflexões neste período,mas essas reflexões se consolidaram neste período final do curso,devido as práticas docentes que tive a oportunidade de vivenciar na turma de educação infantil de estágio.
Ao pensar em Inovações Pedagógicas de planejamento e em sala de aula,pensamos nos alunos maiores e mais envolvidos com a tecnologia.
Mas no caso da Educação Infantil,este aspecto não é diferente,pois é muito relevante,que os pequenos alunos possam interagir com diversos recursos,possibilitando a interação e a construção das aprendizagens.
Vivemos em uma época onde bebês já manuseiam smartfones e tablets. 
Sendo assim,o planejamento da educação infantil também,deve basear-se nas mudanças tecnológicas e científicas.

"A inovação pedagógica traz algo de "novo",ou seja,algo ainda não estreado;é uma mudança,mas intencional e bem evidente;Exige um esforço deliberado e conscientemente assumido;Requer uma ação persistente;Tenciona melhorar a prática educativa;O seu processo deve poder ser avaliado;Para poder se construir e se desenvolver,requer componentes integrados de pensamento e de ação"(CARDOSO,1992)
Utilizei recursos criativos e inovadores no período de estágio,e tive resultados muito positivos em relação as aprendizagens deste grupo.
-Pesquisa na internet para qualificar o planejamento e buscar recursos.
-Uso da imagem e áudio nos registros de dados da turma.
-Agenda eletrônica para comunicação com os pais.
-Recursos de imagem,músicas e filmes no planejamento utilizando recurso da informática.
-Contação de histórias on  line.
-Gravação de vídeos da turma
-Uso de imagens diversas durante as aulas.






CUNHA,Maria Isabel da.Inovações Pedagógicas e Reconfigurações de Saberes no Ensinar e no Aprender na Universidade.VIII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais.Centros de Estudos Sociais,Faculdade de Economia,Universidade de Coimbra,Portugal,16 a 18 de setembro de 2004.



                    ESCOLA DEMOCRÁTICA SEMPRE!

Regime que se baseia na ideia de liberdade e de soberania popular; regime em que não existem desigualdades e/ou privilégios de classes: a democracia, em oposição à ditadura, permite que os cidadãos se expressem livremente.Fonte:Dicionário on line


Quando falamos em democracia imediatamente nos remetemos a regime governamental,a eleições e governos.Mas democracia é muito mais do que isso.é compartilhar e viver junto,é saber dividir e respeitar o outro,é saber que todos são especiais e tem direitos.
Neste período final do Curso de Graduação em Pedagogia,com o estágio na turma do Maternal II e a escrita da pesquisa acadêmica,também pude repensar essa forte ideia.

“Conhecer o humano não é separá-lo do universo, mas situá-lo nele.”(MORIN,2002).
Escola é o lugar da democracia,aliás,é na Escola que ela deve nascer.
Educação Infantil é a formação de uma criança que se tornará em sujeito social.É na educação infantil que o sujeito aprende as regras básicas da convivência humana,da socialização e que faz parte de uma turminha,de uma escola,de um bairro,e mais tarde saberá se inserir na sociedade.
No sétimo eixo do Pead,discutimos sobre o vídeo intitulado Escolas Democráticas,que veio como uma forte crítica a escola que robotiza ao invés de pensar,que molda o pensamento do aluno a um pensamento comum e institucionalizado,controlando o tempo e a necessidade das crianças,desvinculando as aprendizagens da vida real.
A escola criticada no vídeo representava uma escola tradicional,conteudista,de Ensino Fundamental.Nesta ocasião foi possível refletir o tempo e as intencionalidades da escola,que busca ser democrática,mas vive uma realidade contrária.
No caso da Educação Infantil,muitas vezes,o cenário se repete.Escolas onde os pequenos sujeitos tem uma rotina rígida,com um planejamento desvinculado da realidade,que faz do ambiente da escola infantil,uma classe de Ensino Fundamental,com crianças todas sentadinhas,limitadas de movimento e necessidades.

“O desenvolvimento da inteligência é inseparável do mundo da efetividade, isto é, da curiosidade, da paixão, que por sua vez, são a mola da pesquisa científica e filosófica.” (MORIN,2002)
Acredito que a escola deve ser democrática realmente,buscando o bem estar comum e o ensino de qualidade.Principalmente,que a escola vise as construções do conhecimento e a liberdade das expressões e opiniões,seja ela do nível que for.






MORIN, Edgar,1921-Os Sete Saberes Necessários a Educação do Futuro: Tradução de Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya, Revisão técnica de Edgar Assis Carvalho-5ª ed. São Paulo;Cortez,Brasília-DF;UNESCO,2002.

DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM NA PRÁTICA

 


“Construtivismo não é uma prática, ou um método; não é uma técnica de ensino nem uma forma de aprendizagem; não é um projeto escolar, é sim, uma teoria que permite (re) interpretar todas as coisas” 
    (Becker,2001,p.72)


Posso afirmar tranquilamente que,de tudo o que estudei durante o período da Graduação em Pedagogia na UFRGS,o que mais me provocou a refletir minha prática e mais me fez desacomodar das minhas velhas ações docentes foi os maravilhosos textos do professor Fernando Becker baseados nas teorias de aprendizagem de Jean Piaget.
Ao nos confrontar com os perfis de professores e suas práticas docentes empiristas,construtivistas ou aprioristas,nos remete a realidade diária da Escola e,inclusive a maneira com que nós professores,vivenciamos no passado a Escola.
A figura tão imponente do professor dominador,detentor do saber que transmite conhecimento aos alunos vazios de saberes,fez parte de nossa história e muitas vezes,insiste em voltar em nossas práticas.
Mas percebê-lo e compreender sua postura é essencial para que um novo professor,o mediador e motivador das aprendizagens surja e se fortaleça.
No período de Estágio Obrigatório e,principalmente nas fortes reflexões que originam a pesquisa acadêmica,o trabalho de conclusão de curso,estes conceitos foram base para a compreensão de como se dá uma prática pedagógica de construção dos conhecimentos,onde a criança confronta seus conhecimentos prévios com as experiências significativas de aprendizagem,no meio em que está inserida e nas suas relações com o outro.
Segundo Piaget, (1974) o conhecimento não pode ser concebido como algo predeterminado desde o nascimento (inatismo), nem como resultado do simples registro de percepções e informações (empirismo): o conhecimento resulta das ações e interações do sujeito no ambiente em que vive.
Todo conhecimento é uma construção que vai sendo elaborada desde a infância, por meio de interações do sujeito com os objetos que procura conhecer, sejam eles do mundo físico ou do mundo cultural. O conhecimento resulta de uma inter-relação do sujeito que conhece com objeto a ser conhecido. (MOREIRA, 1999, p.75)
Pessoalmente,a afirmação de que a sala de aula deve ser mais laboratório e menos auditório,do estimado professor Becker,se fez realidade na turma de Maternal II em que desenvolvi meu projeto baseado na ludicidade.
Piaget (1982) explica que o indivíduo desde o nascimento constrói o seu conhecimento. Mostrou que as pessoas têm uma capacidade de aprender a todo o momento, desde os primeiros minutos de vida. Os primeiros anos de uma criança podem ser determinantes para um bom ou mau desenvolvimento cognitivo e social, refletindo no adulto que, no futuro, irá se tornar.
O brincar,tão natural á criança,é na verdade a porta com que esta se relaciona com o mundo a sua volta,e assim sendo,baseada nestas importantes teorias pude experimentar,vivenciar,observar e motivar as atividades e relações lúdicas na Educação Infantil,colhendo frutos preciosos desta semente.







BECKER,Fernando.Educação e Construção do Conhecimento.2ª.ed.-Porto Alegre:PENSO,2012
MOREIRA, Marco Antônio. Teorias de aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999.
PIAGET.J. O nascimento da inteligência da criança. Editora Crítica: São Paulo, 1986.
 PIAGET, J. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. 2. e., Rio de Janeiro: Zahar, 1975.


                ARQUITETURAS PEDAGÓGICAS


Como já muito discutimos anteriormente e ,agora ainda é tema de discussão constante no meio docente,a aprendizagem se dá pelas das relações ativas e significativas com o objeto de aprendizagem,sendo de extrema importância o ambiente de aprendizagem,o planejamento pedagógico e as intervenções docentes.Assim,nos deparamos com o termo "arquiteturas pedagógicas".
Morin (1996) diz que a verdade da ciência não está capitalizada apenas nas verdades adquiridas,na verificação das teorias conhecidas,mas no seu caráter aberto á aventura.
As arquiteturas pressupõe aprendizagens protagonistas.Com orientação do professor,requerem-se do estudante ação e reflexão sobre experiências que contemplam na sua organização pesquisa,registros diários e sistematização do pensamento.
As arquiteturas funcionam metaforicamente como mapas que mostram diferentes direções para se realizar algo,entretanto,cabe ao sujeito escolher e determinar o caminho.
O problema disciplinar é que muito do planejamento pedagógico está desvinculado com a vida do estudante,assim as arquiteturas pedagógicas se definem em busca deste resgate.
O que emerge deste tema é o que se deseja como projeto,é a confluência do teor explicitado,sistematização metodológica e práticas criativas.
O conhecimento pode ser compreendido,conforme Piaget(1985) como um processo de criação de novidades,de descobertas e invenções.
Conhecer implica em interpretar,relacionar e comparar informações,não será suficiente oferecer aos sujeitos um ambiente rico em informações,mas sim proporcionar situações que previlegiem a busca de informações e interações significativas para a construção de conhecimento articulado.
As arquiteturas pedagógicas são fundamentos que embasam um bom planejamento e prática docente,buscando a qualificação das aprendizagens,dentre estes fundamentos estão pontos a serem refletidos na prática do professor:
-Atitude investigativa,valorização da investigação.
-Ambientes de aprendizagem que favoráveis a construção dos conhecimentos.
-Discussão de pontos de vista divergentes em detrimento da repetição de ideias e crenças.
-Projetos de aprendizagem
-Estudo de caso e resolução de problemas
O professor não é o centro do saber ,mas cabe a ele a tarefa de direcionar e motivar as aprendizagens,daí a responsabilidade de embasar sua prática em teorias consolidadas e um planejamento engajado nas construções de conhecimento e protagonismo do estudante.

sexta-feira, 28 de junho de 2019

                  MAIS DO QUE NUNCA...REFLETIR!



O Curso de Graduação em Pedagogia tem em sua essência a reflexão.
No caso de um curso destinado a professoras já no exercício da docência, este fato se torna ainda mais relevante,pois além de refletir as teorias trazidas pelos teóricos em Educação,existe uma interação interna,ou seja,o fazer pedagógico diário conversa com as reflexões trazidas pelas novas teorias,causando um "desacomodar" que produz muitas aprendizagens e,quase sempre,reconstruções no fazer em sala de aula. 
“Uma prática reflexiva leva à (re)construção de saberes, atenua a separação entre teoria e prática e assenta na construção de uma circularidade em que a teoria ilumina a prática e a prática questiona a teoria” (ALARCÃO, 2005, p. 99).
Esse conflito necessário segue presente durante todo o Curso de Graduação,tendo como ápice o período do Estágio Obrigatório e ainda se mostra mais intenso na escrita da pesquisa acadêmica,o trabalho de conclusão de curso,o temível TCC.
Freire (1996, p. 39), quando afirma que “é pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática”nos remete a esta ideia das reconstruções das práticas pedagógicas.
Em abril de 2017,neste portfólio de aprendizagens,tive a oportunidade de pensar sobre a reflexão docente.Reflexão esta, que acontece o tempo inteiro,não só quando se busca qualificação profissional,mas no cotidiano da sala de aula.
As questões da reflexão docente foram trazidas de forma muito coesa e significativa pela autora Izabel Alarcão,em  textos ofertados pela interdisciplinas do curso,que faz da reflexão do professor,sua arma mais poderosa ou seu instrumento mais potente.
O professor que reflete sua prática diária e busca qualificar seu trabalho por meio de suas reflexões,embasadas em sua prática e conhecimento pedagógico,qualifica seu trabalho e torna-se motivador de construções cognitivas relevantes por parte de seus alunos.
Alarcão (2005) conceitua o professor reflexivo, descrevendo-o como um profissional que necessita saber quem é e as razões pelas quais atua, conscientizando-se do lugar que ocupa na sociedade. A autora acrescenta ainda que “os professores têm de ser agentes ativos do seu próprio desenvolvimento e do funcionamento das escolas como organização ao serviço do grande projeto social que é a formação dos educandos” (ALARCÃO, 2005, p. 177).
Assim como,o aluno necessita de situações significativas de aprendizagens,para desacomodar-se de seus conceitos e formar novas estruturas de aprendizagens,creio que o professor,ao confrontar-se com os novos conhecimentos pedagógicos e refletir sobre eles,abre as  possibilidades para suas reconstruções pessoais e profissionais.O professor, conforme Alarcão:
Deve ser um prático e um teórico da sua prática. Nesse sentido, “a reflexão sobre o seu ensino é o primeiro passo para quebrar o ato de rotina, possibilitar a análise de opções múltiplas para cada situação e reforçar a sua autonomia face ao pensamento dominante de uma dada realidade” (ALARCÃO,2005 p. 82-83).
.O Estágio Obrigatório Curricular,período de reflexão permeado por dificuldades e conquistas  promoveu inúmeras reflexões,originando ainda,maiores reflexões para a escrita do trabalho de conclusão de curso.
Enfim,sem nenhuma dúvida,um professor que reflete sua prática é um professor inovador e aquele que construirá pensamentos criativos,ou seja,professores reflexivos são professores de alunos que refletem e se tornam críticos e capacitados a buscar seus conhecimentos. 




ALARCÃO, Isabel (Coord.). Formação reflexiva de professores: estratégias de supervisão. Porto: Porto Editora, 2005.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.



segunda-feira, 6 de maio de 2019

           Um breve relato sobre uma relevante experiência



  



Sobre a reflexão, Piaget afirma que, quando alguém reflete sobre algo, a pessoa não está somente refletindo em um nível superior, mas reconstruindo em um nível mais avançado o que já existia em um inferior. O nível superior é sempre majorante, mais abrangente. Quando alguém reflete em um plano mais avançado, precisa enriquecê-lo com novos elementos. Então tem de estendê-lo, bem como transpô-lo a um segundo nível (PIAGET, 2001, p. 16)

Ao finalizar este importante período do processo de graduação,o Estágio Curricular Obrigatório,existe o momento de se refletir a caminhada,o sucesso do processo,as aprendizagens oriundas do confronto teoria e prática,e ,principalmente,que reconstruções pessoais e profissionais nasceram deste processo.
Mentalmentamente ,esta reflexão acontece de forma natural,mas o fato de se ter a exigência do relato escrito desta fase nos permite,reviver e avaliar toda a trajetória vivenciada.
O Relatório de Estágio,documento de extrema relevância no Curso de Graduação em Pedagogia,não exige somente relatar graficamente o estágio obrigatório.É um documento oficial,portanto,exige do escriba um caráter acadêmico,cuja escrita formal e autônoma se apresenta obrigatoriamente com uma linguagem rica e estruturada dentro das normas exigidas pela academia.(ABNT).
Durante o Curso a escrita esteve de forma presente e como instrumento desafiador,se desenhando e ganhando a formalidade e a autonomia necessária para deixar de ser uma mera escrita usual comum a uma escrita á público.Tanto os trabalhos acadêmicos em si que trouxeram a aproximação com o texto formal,quanto e principalmente este blog,me permitiram aventurar-me a essa nova escrita.
As reflexões presentes neste documento que relatam minhas aprendizagens como graduanda em Educação,trazem também,ainda que não completas,minhas conquistas de expressão escrita e o amadurecimento que percebo ter adquirido neste período.
Como novo desafio surge o TCC,Trabalho de Conclusão de Curso,vem como novo desafio de escrita e reflexão docente,fazendo-me vivenciar novamente e resgatar os saberes que me reconstruíram no Curso de Pedagogia.
Refletir,relatar,trazer os pensadores que sustentaram a prática,escolher as palavras,formatar o texto e buscar promover uma escrita que tenha um objetivo claro,permeada de intencionalidade por quem escreve e  que permita ao leitor compreender o cerne dos processos que geraram os conhecimentos e se realizaram na prática escolar docente.A escrita faz parte da construção de um bom educador,com toda a certeza.




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PIAGET,Jean. Seis estudos de Piaget. Tradução: Maria Alice Magalhães D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 25ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2011.